República Centro-africana: um milhão de deslocados na mais desolada situação humanitária
Na República Centro-africana a situação permanece caótica. Segundo o Alto Comissariado
da ONU para os Refugiados o conflito no país já provocou cerca de um milhão de deslocados
e refugiados que permanecem na mais desolada situação humanitária.
Não obstante
a presença de forças francesas que deveriam ajudar a repor a segurança no país, o
clima permanece tenso. Os confrontos entre milícias de auto-defesa cristãs anti-balaka
e combatentes da antiga coligação Séléka continuam e a desconfiança entre as partes
é grande. Elementos da MISCA, Força Africana, presente no país, de que os militares
chadianos representam o contingente mais importante, estariam, segundo algumas fontes
de informação, implicados nas violências.
Por outro lado os chadianos no
país têm sido alvo de violências e, ao visitar ontem alguns retornados, em Ndjamena,
o Presidente chadiano, Idriss Déby, disse que as exacções contra os seus cidadãos
na República Centro-africana não ficarão impunes.
Milhares de chadianos encontram-se
desde há dias no Aeroporto de Bangui, à espera de poder regressar ao próprio país
por avião. Mas entretanto, o Chade pôs à disposição uma vintena de grandes camiões
militares para a repatriação dos seus cidadãos.
Segundo o Embaixador do Chade
em Bangui, isto constitui um alívio. Ele acrescentou que os camiões vão deixar as
pessoas em Sido, na fronteira entre os dois países, onde uma outra equipa se encarregará
de as encaminhar para outras partes do Chade. Entretanto, continuará também a repatriação
por via aérea - disse.
A extrema gravidade da situação neste país africano
levou os responsáveis religiosos a apelar à intervenção da ONU - informa a Agência
Fides: D. Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo de Bangui, e Omar Kobine Layama, Imã da
capital centro-africana, fizeram um apelo conjunto publicado no jornal francês ‘Le
Monde’. “Mais de dois milhões de pessoas precisam desesperadamente de ajuda”, escrevem
os dois líderes religiosos, apelando à intervenção no país “de uma força da ONU para
a manutenção da paz, com os recursos necessários para proteger de modo satisfatório
os civis”. Ainda segundo a Agência Fides, as Cáritas dos Estados Unidos da América
e da França estão já presentes na zona norte do país (Bossangia) para prestar assistência
às vítimas do caos e da violência.