Missas em Santa Marta estão no coração da visão eclesial do Papa - declarações da
jornalista Stefania Falasca
As Missas na Capela
da Casa de Santa Marta são uma novidade deste pontificado. Um momento em que, bem
cedo pela manhã, o Papa Francisco celebra e reflete sobre a Palavra de Deus que a
liturgia do dia propõe para um pequeno grupo de fieis. Os primeiros a participar nestas
celebrações eucarísticas foram os funcionários do Vaticano. A nossa própria redação
de língua portuguesa da Rádio Vaticano esteve presente no passado dia 20 de maio.
A partir de janeiro também as paróquias romanas, com pequenos grupos, poderão participar
nestas missas na Casa de Santa Marta. Para uma reflexão sobre esta bela novidade que
o Papa Francisco trouxe ao seu pontificado, o nosso colega do programa italiano Alessandro
Gisotti entrevistou a jornalista Stefania Falasca ligada a Jorge Mario Bergoglio por
uma longa amizade. Ouçamos as suas declarações a começar, desde logo, pelo significado
destas Missas matinais:
“Como podemos ver, depois de nove meses
ou dez meses do seu pontificado vimos que constituem uma referência, um apontamento
aguardado, antes de mais para o caminho de fé de todos, caminho quotidiano. Eu creio
que podemos resumir a importância disto, que constitui sem dúvida uma novidade do
pontificado de Francisco, em três pontos. O primeiro, que se vê na Evangelii Gaudium,
Francisco quis colocar em evidência o primado da Palavra, do anúncio. Em segundo é
que estão no coração da própria reforma que está a fazer Francisco. E em terceiro
é que são paradigmáticas, não apenas do seu magistério, mas mesmo da visão eclesial
que nos está prospetando Francisco.”
As homilias do Papa Francisco
são já uma das notícias da agenda diária da Santa Sé, de todo o mundo católico e também
dos media que, todos os dias, escutam atentamente as meditações do Santo Padre. Stefania
Falasca explicou-nos a importância que, desde sempre, Jorge Mario Bergoglio deu à
preparação da homilia:
“ Bergoglio deu sempre uma importância predominante
à preparação da homilia, importância que significa – como explicou também na Evangelii
Gaudium – aquele momento de tratar por tu a Palavra, do deixar-se iluminar por ela.
Todo o seu momento antes da Missa da manhã é dedicado a este momento espiritual, como
ele chama. Isto porquê? Porque, ele diz isto: que a Igreja existe para proclamar,
para ser voz do seu Esposo. E esta Palavra, mais do que com a voz, proclama-se com
a vida. Tanto é que diz também que um pregador que não se prepara é desonesto: fala
de desonestidade e que é um irresponsável perante os dons que recebeu! Quando o ouvi,
aquando da publicação da Exortação Apostólica, perguntei-lhe quais fossem as partes
para ele mais importantes, para além daquela primeira que é aquela do anúncio. Ele
disse-me: há esta e a parte final, mas a parte importante é a parte central que eu
quis dedicar à homilia.”
“É uma exigência vital para ele a celebração
eucarística da manhã: esta quotidianidade, esta dimensão familiar... porque é a quotidianidade
da fé que ajuda a fé. Estas homilias trazem inspiração da leitura, articulam-se com
a luz dos passos da Escritura, para abrir-se ao caminho da Igreja na história dos
homens, segundo a intenção que foi aquela do Concílio. Nisto ele estar a fazer atuar
o Concílio. Ele iniciou com os seus colaboradores, ou seja, com as pessoas que estão
no Vaticano, mas ele é bispo de Roma e, portanto, a Palavra e aquilo que representa
a sua Missa quotidiana abre-o à cidade de que é bispo.” (RS)