Cidade do Vaticano (RV) - Nos últimos dias tivemos
muitas propostas de reflexão sugeridas pelo Papa Francisco, e gostaria de sublinhar
algumas delas, como pérolas para o nosso cotidiano, para o nosso Ano Novo que está
chegando.
Já na sua última audiência geral na Praça São Pedro no dia 18 de
dezembro, Francisco, em meio a uma temperatura de 3 graus centígrados, aqueceu o coração
dos fiéis, uma parte daquele 1 milhão e meio que participou das 30 Audiências do Papa
que “veio do fim do mundo” ao longo de 2013. Recordou que O “Natal de Jesus é a festa
da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo”, continuando com
a afirmação de que a “razão da nossa esperança é Deus que está conosco e confia ainda
em nós”; explicou que pelo fato de Deus estar junto ao homem “a terra não é mais somente
um ‘vale de lágrimas’, mas é um local onde Deus mesmo fixou a sua tenda”.
Já
na noite de Natal, na Missa do Galo, a primeira de Francisco na Cátedra de Pedro,
o Papa latino-americano nos falou da alegria do Evangelho, do Deus que nos ama, e
que nos ama tanto que nos deu o Seu Filho como nosso irmão, como luz nas nossas trevas.
Disse ainda que Deus é o nosso Pai paciente, que nos deu Jesus para nos guiar no
caminho para a terra prometida.
No dia de Natal, do balcão central da Basílica
vaticana, a tão esperada mensagem "Urbi et Orbi", à cidade e o mundo. Sem meias palavras
Francisco tocou temas de grande atualidade que dizem respeito a todas as sociedades,
ricas e pobres. Iniciou precisamente pelo dom da Paz, recordando mais uma vez que
“a verdadeira paz não é um equilíbrio entre forças contrárias; não é uma bela ‘fachada’,
por trás da qual há contrastes e divisões. A paz é um compromisso de todos os dias,
que se realiza a partir do dom de Deus”.
Neste olhar de presença ao lado
dos que sofrem o Santo Padre citou os preferidos de Cristo, as crianças que “são as
vítimas mais frágeis das guerras, mas também recordou os idosos, as mulheres que são
maltratadas, os enfermos. E referindo-se à guerra que dilacera tantas vidas, o pensamento
do Papa foi ao conflito na Síria, que fomenta ódio e vingança. Pediu mais uma vez
que o Senhor poupe novos sofrimentos ao amado povo sírio, e se disse contente em saber
que pessoas de diversas confissões religiosas se unem à súplica pela paz na Síria.
Outro
foco de tensão que o Papa recordou foi a República Centro-Africana, esquecida pelos
homens e “dilacerada por uma espiral de violência e miséria. Lembrou ainda do jovem
Estado do Sudão do Sul e da Nigéria, países onde a convivência pacífica tem sido ameaçada
por ataques que não poupam inocentes nem indefesos”. Também aos deslocados e refugiados
um pensamento especial, principalmente os que vivem no Chifre da África e no leste
da República Democrática do Congo, e um pedido: “façam com que os emigrantes em busca
duma vida digna encontrem acolhimento e ajuda. Que nunca mais aconteçam tragédias
como aquelas a que assistimos este ano, com numerosos mortos em Lampedusa”.
O
Oriente Médio não sai do pensamento de Francisco, terra que ele pretende visitar em
2014. Pediu a “conversão do coração dos violentos, por um desfecho feliz das negociações
de paz entre israelenses e palestinos e pela cura das chagas do amado Iraque, ferido
ainda frequentemente por atentados”.
Outro tema sempre presente nos discursos
do Santo Padre, o tráfico de seres humanos, pedindo a conversão dos corações de quem
está envolvido neste crime contra a humanidade. As calamidades naturais também
foram mencionadas, recordando os filipinos e a tragédia pela qual passaram pelo recente
tufão.
Mas diante de tantos temas que dizem respeito a todos nós, e às tristezas
que eles produzem, Francisco pediu que deixemos “que o nosso coração se comova, se
incendeie com a ternura de Deus; precisamos das suas carícias. Sim precisamos das
carícias de Deus, como um filho tem necessidade das carícias do pai e da mãe.
E
o último apelo do Papa desta semana foi durante o Angelus da Festa de Santo Estevão
quando pediu orações por aqueles que são perseguidos no mundo por causa do seu testemunho
de fé. E alertou que há também os casos de “países que no papel tutelam a liberdade
e os direitos humanos, mas onde de fato os crentes, especialmente os cristãos, encontram
limitações e discriminações”.
Estamos chegando ao fim de mais um ano, e as
temáticas que o Papa Francisco tocou nos últimos dias nos dão a dimensão de quanto
trabalho a humanidade tem ainda que realizar para viver a Paz que nasceu em Belém.
"A pausa destes dias junto ao presépio – disse o Papa - para contemplar Maria e José
ao lado do Menino, possa suscitar em todos um generoso compromisso de amor recíproco”.
Um Feliz Ano Novo, repleto de esperança, fé e reflexão. (Silvonei José)