Religioso Carmelita sobre discurso do Papa à Cúria: Francisco pede compromisso a serviço
do povo
Cidade do Vaticano (RV) - "Profissionalismo, serviço e santidade", capacidade
de fazer "objeção de consciência aos mexericos" devem ser características de quem
trabalha na Santa Sé e, mais ainda, do superior. Foi o que o Papa Francisco afirmou
sábado passado, por ocasião da tradicional audiência de fim de ano à Cúria Romana
para as felicitações natalinas. Sobre essas palavras do Santo Padre a Rádio Vaticano
pediu um comentário ao docente emérito de teologia espiritual, o frei carmelita Pe.
Bruno Secondin. Eis o que diz:
Pe. Bruno Secondin:- "O estilo, do qual
nestes meses conhecemos a riqueza e a beleza, é muito evidente: um estilo simples,
direto, que aqui e acolá toca alguns elementos que são típicos de sua linguagem, bem
como de suas preocupações como, por exemplo, a paixão pela presença no meio do povo,
o caminho da santidade, a colaboração generosa de muitos – embora no anonimato – que,
porém, para ele, dentro da Cúria, são elementos de grande valor e de apoio para toda
a sua missão."
Comentando sobre o "serviço", Pe. Secondin afirma que "para
ser chamado a Roma para trabalhar junto ao Papa e a todo o sistema da Cúria é necessário
um espírito de serviço, um espírito de profissionalismo, e esse serviço o Papa o interpreta
à luz da fé: é um caminho na santidade, é um caminho apaixonado pela Igreja universal,
mas também pela Igreja local, o diz explicitamente. Alem disso, o Papa diz que se
não há esse serviço, se acaba por tornar-se burocrata. Com o seu típico modo de falar,
o Papa afirma que a Igreja se torna maçante alfândega burocrática, inspetora e inquisitiva
que emperra o Espírito. Essa é uma expressão audaz, muito típica de seu modo de falar.
Quando fala da relação recíproca entre os colaboradores, dá alguns sinais próprios,
como por exemplo a atenção com a diligência, a criatividade, criar facilitações aos
colaboradores, ouvir-se reciprocamente, consultar-se, valorizar as diferentes personalidades
e qualidades: isso é típico. Exatamente esse modo de viver, essa abertura recíproca,
torna possível amenizar as dificuldades e mitigar os mexericos."
RV: "Santidade",
disse o Papa aos curiais, significa também um serviço pastoral em contato direto com
o povo...
Pe. Bruno Secondin:- "Este é outro elemento muito frequente
em suas homilias, por exemplo, na Casa Santa Marta, mas também quando encontrou os
bispos no Brasil, ou quando a CEI (Conferência Episcopal Italiana) ou outros, insiste
sempre sobre isso. Aliás, gostaria de aproveitar para citar da última Exortação apostólica,
Evangelii Gaudium, justamente um parágrafo que traz o título "o prazer espiritual
de ser povo", que diz: "Para ser evangelizadores autênticos é necessário desenvolver
o gosto espiritual de permanecer próximos da vida do povo". Para ele não existe somente
a santidade da interioridade, a oração, a paixão por Cristo, o sentido da presença
de Deus, mas também esta beleza de estar no meio do povo, "povo do Senhor"." (RL)