2013-12-21 12:01:43

Editorial: Caminho da paz


Cidade do Vaticano (RV)RealAudioMP3 Estamos concluindo mais um ano, e já é tradição neste período fazer um balanço dos últimos 365 dias e pensar no futuro, nas novas conquistas, nas novas metas, muitas das quais não alcançadas no ano que finda. Certamente esse tempo nos ajuda a parar e olhar para as vitórias e derrotas, para conquistas e frustrações. Mas, quando fazemos o nosso balanço, fazemos também o balanço dos nossos relacionamentos e do nosso ser cristão? Ou pensamos somente nas conquistas e derrotas pessoais no campo do trabalho, da vida social, do nosso dia a dia, individualmente?

Nos dias passados foi divulgada a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, comemorado no 1º de janeiro; este será o primeiro do pontificado do Papa latino-americano.
Nesta sua mensagem que tem como tema "Fraternidade: Fundamento e Caminho da Paz", - tema que foi escolhido pelo Papa emérito, Bento XVI -, Francisco nos dá uma grande ajuda para traçarmos os caminhos do novo ano e nos enche de interrogativos e por quês. Ele afirma que no coração de cada homem e mulher habita o desejo de uma vida plena, com aspirações, e aspirações de fraternidade, de relacionamentos. Pede para não vermos nos outros, inimigos e concorrentes, mas irmãos, que devemos acolher e abraçar. O Santo Padre chama a atenção para a palavra “fraternidade” destacando mais uma vez, - se ainda é necessário -, que a mesma é uma “dimensão essencial” do homem e que a consciência dessa dimensão nos leva a tratar cada pessoa como um verdadeiro irmão. É isso, tratar o outro como irmão, como alguém que é importante, e sem o qual nossa vida não seria completa, é uma boa chave de leitura para entender o que é fraternidade.

Na sua mensagem o Papa Francisco recorda que tanto as pessoas como as nações devem, em um espírito de fraternidade e comunhão, trabalhar juntas para construir o futuro da humanidade; um dever que recai primeiramente sobre os mais favorecidos. O Papa prossegue recordando ainda que a fraternidade é a premissa para vencer a pobreza. Pobreza é, de fato, falta de fraternidade entre os homens, entre os povos.

O Dia Mundial da Paz, que celebraremos no dia 1º de janeiro, inicialmente chamado simplesmente de Dia da Paz foi criado pelo Papa Paulo VI, com uma mensagem para o primeiro de 1968. Dizia o Papa Paulo VI em sua primeira mensagem para este dia, que a mesma se dirigia a todos os homens de boa vontade, para exortá-los a celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo. O Papa Francisco na sua mensagem para este 1º de janeiro chama a atenção de cada homem de boa vontade, de cada homem de paz e não, sobre a fraternidade e a “cultura do encontro”. Sim, porque a fraternidade, a paz, diz respeito a todos os aspetos da vida, incluindo a economia, as finanças, a sociedade civil, a política.

Desde o início do seu pontificado, Francisco tem sublinhado a importância de superar a “cultura do descartável” e promover a “cultura do encontro”, para se conseguir um mundo mais justo e pacífico. Diante dos dramas da sociedade atual que atingem diretamente o ser humano no seu complexo, como a pobreza, a fome, o subdesenvolvimento, guerras, migrações forçadas, desigualdades, injusticas, fundamentalismos, a fraternidade se torna, então, o fundamento e a via da paz.

O homem de hoje é vítima da não-solidariedade, do não se importar com o outro; é vítima do fechar-se em si mesmo e viver somente no universo que o rodeia, esquecendo-se da real dimensão da humanidade, onde por causa do individualismo, do egoismo, nascem a desigualdade e a pobreza.

Nesta sua mensagem para o Ano Novo, densa e reflexiva, o Papa Francisco leva em consideração precisamente a “cultura do bem-estar” que leva à perda do “sentido da responsabilidade”. Não é de se estranhar que os pobres sejam considerados por muitos como um peso, um empecilho. É através do próximo e da nossa atitude de fraternidade que podemos vislumbrar um rosto mais humano para o nosso mundo.

Estamos nos aproximando do Natal e do Ano Novo, e brota instintivamente, o desejo que cada um redescubra no Menino de Belém o sentido de ser irmão, ser “fratello” como se diz em italiano, onde cada um seja responsável um pelo outro e pelo seu futuro. Vamos redescobrir no seio das nossas famílias, das nossas comunidades, o sentido e a alegria da partilha e do verdadeiro significado do Natal, que é a “festa da confiança e da esperança”. Feliz Natal! (Silvonei José)







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