2013, ano de mudança: a renúncia de Bento XVI. Ouça Sal da Terra, Luz do Mundo
Na nossa rubrica
"Sal da Terra, Luz do Mundo - factos e personagens da história da Igreja", iniciamos
hoje uma trilogia de programas especiais que fazem uma retrospetiva sobre o ano de
2013 vivido no Vaticano com a mudança na cadeira de Pedro. Este foi um ano em que
se viveram acontecimentos históricos em circunstâncias absolutamente únicas. Na edição
de hoje faremos uma reflexão sobre a renúncia de Bento XVI. 11 de Fevereiro de
2013, o Papa Bento XVI discursa aos Cardeais reunidos em Consistório: “Depois
de ter repetidamente examinado a minha consciência perante Deus, cheguei à certeza
que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são as adequadas para exercitar
o ministério petrino.” “Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, em plena
liberdade, declaro de renunciar ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro,
a mim confiado pela mão dos cardeais a 19 de Abril de 2005, de modo a que depois de
28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a Sé de Roma, a Sé de S. Pedro, estará vacante
e deverá ser convocado, àqueles a quem compete, o Conclave para a eleição do novo
Sumo Pontífice.” A renúncia ao ministério petrino por parte do Papa Bento XVI
foi um momento inesperado e revolucionário. A sua atitude provocou um verdadeiro ciclone
mediático de expectativas, emoções, comentários e interpretações. Por essa altura
e procurando compreender e refletir sobre a decisão papal de renunciar à cadeira de
Pedro, o Padre Jorge Cunha, Professor da Universidade Católica Portuguesa e Diretor
da Faculdade de Teologia do Porto escreveu um artigo de opinião que foi publicado
no jornal “Voz Portucalense”, semanário da diocese do Porto. Esse artigo tinha como
título “A última lição do Papa”. Fomos falar com o Padre Jorge Cunha 9 meses depois
e pedimos-lhe uma reflexão sobre a mudança de pontificado. Mas, para enquadrarmos
bem este assunto recordemos um excerto desse mesmo artigo na voz do nosso colega de
redação Pacheco Gonçalves: “O gesto do Papa Ratzinger mostra aquilo que nunca
deveria ter sido esquecido, ou seja, que o que faz um papa ser autêntico não é o aparato
visível, o jogo de poder, mas é o seu carisma, a sua personalidade crente, a sua consciência
moral. E, neste ponto, as dúvidas de consciência que fizeram resignar Bento XVI falam
imensamente mais alto do que as certezas de tantos outros que arvoram a saber como
se deve guiar a Barca de Pedro no mar encapelado do tempo que vivemos. Outros dias
haverá para a Igreja. A última lição de Ratzinger foi talvez a mais eloquente de todas
pela humildade e pela coragem que revela, mesmo no meio da dúvida e da perplexidade
que são condições de verdadeiro ato de fé”.
Em entrevista à Rádio Vaticano
o teólogo português Padre Jorge Cunha reafirmou ter sido por fidelidade à Igreja que
Bento XVI ofereceu a sua última diaconia, o seu último serviço, a sua última lição.
Nesta edição especial da nossa rubrica de hoje, refletimos sobre a renúncia do
Papa Bento XVI. No próximo programa evocaremos o Conclave que elegeu o Papa Francisco.
Sal da Terra, Luz do Mundo volta na próxima semana…(RS)