2013-12-17 20:50:01

Pe. Spadaro sobre a canonização de Pedro Fabro: sua abertura mental e espiritual é a mesma do Papa Francisco


Cidade do Vaticano (RV) - Diálogo, discernimento, fronteira. As três palavras-chaves de São Pedro Fabro evocam imediatamente a ação pastoral do Papa Francisco. Uma sintonia que é ressaltada pelo diretor da revista jesuíta La Civiltà Cattolica, Pe. Antonio Spadaro, que em vista dessa canonização publicou o volume "Pedro Fabro. Servidor da consolação". A Rádio Vaticano perguntou ao sacerdote da Companhia de Jesus qual significado tem para os jesuítas a canonização do primeiro companheiro de Santo Inácio de Loyola:

Pe. Antonio Spadaro:- "Tem um grande significado, porque todos conhecem São Francisco Xavier, o segundo companheiro de Santo Inácio de Loyola; mas Pedro Fabro foi o primeiro, tendo sido o companheiro de quarto de Santo Inácio na Universidade de Paris, onde estudavam; foi o primeiro a aproximar-se dele, o primeiro a fazer os Exercícios espirituais... Diria que sem Pedro Fabro a Companhia de Jesus não existiria. Portanto, é um momento muito particular e verdadeiramente importante para nós."

RV: Pedro Fabro foi o primeiro companheiro de Inácio de Loyola e, no entanto – isso é um fato –, ficou na penumbra por tanto tampo. Por quais motivos?

Pe. Antonio Spadaro:- "Talvez ao longo do tempo, especialmente durante a segunda metade do Séc. XVI, sua fama tenha sido de certo modo vítima de uma espécie de desconfiança em relação à dimensão mística, que mesmo na Companhia de Jesus fez brecha em favor de uma atitude mais ascética do que mística. Ao invés, Pedro Fabro é uma figura mística, podemos dizer até mesmo difícil de compreender plenamente: é um pouco complexa. Todavia, a devoção jamais se perdeu ao longo do tempo. Na realidade, o próprio Santo Inácio, mais do que celebrar sufrágios por ele, celebrou missas de alegria, de triunfo, e até mesmo São Francisco Xavier, assim que Pedro Fabro morreu, acrescentou o nome dele na Ladainha de todos os Santos..."

RV: O primeiro companheiro de Santo Inácio é assim canonizado pelo primeiro Papa jesuíta: por que a figura de Fabro é tão amada por Jorge Mario Bergoglio?

Pe. Antonio Spadaro:- "Por que o Papa gosta tanto de Fabro? Ele mesmo respondeu-me substancialmente com uma lista de razões: o diálogo com todos, inclusive os com os que se encontram mais distantes, os adversários; a sua piedade simples, diria popular; uma certa ingenuidade – o próprio Papa definiu-se um pouco ingênuo, um pouco sagaz –; a sua disponibilidade imediata; mas sobretudo duas coisas que considero realmente fundamentais: a sua atitude de discernimento interior e o fato de ser um homem de grandes e fortes decisões, mesmo sendo uma pessoa muito, muito afável."

RV: O que encontramos na ação pastoral do Papa Francisco que, podemos dizer, é característico de Pedro Fabro?

Pe. Antonio Spadaro:- "Encontramos muita coisa: no trato humano, na espiritualidade... Fabro era um homem muito aberto à experiência e à vida; sobretudo, era um homem sem barreiras mentais, sem preclusões. Amante da reforma da Igreja, sabia que era necessário muito tempo e fundava na amizade o seu desejo de reforma. Um dia, por exemplo, sentiu interiormente que deveria rezar, ao mesmo tempo, pelo Papa, por Lutero, por Henrique VIII e por Solimão II. No mais, Fabro viveu num clima fluido e agitado na primeira metade do Séc. XVI parisiense, e é portador de uma sensibilidade moderna que hoje vibra em consonância com a nossa. Portanto, encarnou uma abertura mental e espiritual em relação aos desafios de sua época, que muito nos recorda o impulso missionário do Papa Francisco." (RL)







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