Jales (RV) - A Igreja acaba de lançar uma campanha para a erradicação da fome
no mundo. Esta campanha vem respaldada de apoios muito significativos. Quem a encabeça
é a Caritas Internacional, mas quem a subscreve é o Papa Francisco.
A repercussão
prática da posição do Papa já se mostrou muito eficaz, quando do seu contundente posicionamento
contrário à intervenção dos Estados Unidos na Síria. A posição do Papa demoveu uma
decisão já praticamente tomada pelo Presidente Obama. E a partir daí, os acontecimentos
na Síria vão convergindo para uma solução pacífica do conflito interno, mesmo com
as muitas dificuldades ainda a serem superadas pelo próprio povo da Síria.
Agora,
a campanha é mais ampla, mais complexa, e mais duradoura. Desta vez, o Papa fez questão
de agregar outros apoios, estratégicos e práticos, visando inserir esta campanha contra
a fome na própria dinâmica da ação da Igreja.
A campanha foi sugerida pela
Caritas da Espanha, e foi logo encampada pela Caritas Internacional. É de salientar
que o Presidente da Caritas Internacional é o Cardeal Oscar Maradiaga, que é um dos
membros do “Grupo dos oito” Cardeais, nomeados pelo Papa Francisco para o ajudarem
no governo da Igreja.
Desta maneira, resulta evidente a importância estratégica
desta campanha, lançada quando vai tomando forma a nova postura da Igreja, simbolizada
pela figura do Papa Francisco.
Para concretizar a proposta de uma Igreja “voltada
para a sociedade”, solidária com suas grandes causas, nada melhor do que enfrentar
este “escândalo público”, que é o flagelo da fome no mundo, como o próprio Papa o
qualificou.
Com o lema: “uma só família – Pão e Justiça para todas as pessoas”
a campanha é lançada agora, com a intenção de ir envolvendo a Igreja toda, para atrair
também as adesões da esfera pública, sobretudo a nível das Nações Unidas, onde o brasileiro
José Graziano da Silva preside a FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura.
A campanha começa “em casa”, convocando as Cáritas de todos
os países onde ela está organizada. Tem a intenção de se prolongar até o ano de 2015,
quando com certeza já será possível avaliar suas repercussões práticas, para que a
ação contra a fome se traduza em políticas públicas orgânicas e eficazes nos países
que atualmente mais padecem deste flagelo, especialmente na África, e também na Ásia.
Dependendo do critério adotado, chega-se a cifras aproximadas, que quantificam
as estatísticas da fome.
O fato é que, segundo as Nações Unidas, existe aproximadamente
um bilhão de pessoas que padecem de desnutrição no mundo. Outra constatação persistente
é que o problema não decorre da escassez de alimentos. Com a produção atual, seria
possível garantir alimentação suficiente para o mundo inteiro.
O problema,
portanto, não se limita à produção de alimentos, que continua sendo um desafio. O
mais difícil é a adequada distribuição dos alimentos, que não pode ser deixada à lógica
mercantilista, onde o alimento vira mera mercadoria, e a própria fome se torna, inclusive,
fator de especulação financeira.
Esta, portanto, será uma campanha que vai
mexer com nossas convicções.. E vai colocar em destaque a importância do Brasil, não
só pelo seu esplêndido potencial de produtor de alimentos, mas também pelos efeitos
benéficos de suas políticas sociais, embora ainda incipientes.
Vamos aguardar
as instruções práticas da Caritas Brsileira, para que esta campanha se insira de maneira
articulada em nossas comunidades, e encontre uma generosa proposta por parte do povo
brasileiro.