Uruguaiana (RV) - Em nossas anteriores reflexões litúrgicas já abordamos as
origens históricas da celebração do Natal e agora queremos conhecer o desenvolvimento
do Ciclo natalino, tendo o Advento como fase preparatória e a Epifania e o Batismo
do Senhor, como continuação celebrativa, ligados ao mistério da encarnação.
Advento:
este tempo de piedosa e feliz expectativa, que antecede a celebração do Natal, não
tem suas origens históricas totalmente claras. Antes da sua presença litúrgica no
rito romano (séc. VI), já há indícios na Gália e Espanha de um tempo de penitência
e oração em vista da celebração do Natal. Em Roma, não encontramos esse aspecto penitencial,
mas o Advento foi desde a origem uma instituição litúrgica. A duração cronológica
da preparação ao Natal não foi igual em todas as Igrejas. Roma, depois de cinco e
até seis semanas, optou finalmente por quatro semanas de Advento, com o sentido de
preparação para o Natal.
O conteúdo teológico dessa preparação contém dupla
dimensão de esperança: Preparação para o nascimento do Senhor e espera pelo Senhor
na parusia (fim dos tempos). Afirmam as Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e
o Calendário da reforma do Vaticano II: “O tempo do Advento possui dupla característica:
sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira
vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança,
voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos.
Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e
alegre expectativa” (Missal Romano - NUALC 39). Essas características se misturam,
ora acentuando-se mais a um, ora mais a outro aspecto, dependendo das diversas Igrejas
e épocas. A reforma litúrgica do Vaticano II houve por bem manter essa dupla característica
da espera. No Oriente, praticamente, não se pode falar em tempo de Advento, senão
apenas em alguns dias de preparação.
Epifania: Como continuação celebrativa
do Natal aparece a Epifania, com sentido de manifestação ou aparição do Messias. O
objetivo é apresentar o Verbo encarnado, acentuando os sinais temporais e terrestres
que atestam de fato que a criança nascida é o Salvador de todos os povos, representados
pelos magos. Nesse contexto, aparecem os denominados: Tria miracula (Três milagres),
especialmente acentuados no oriente: a estrela que guia os magos à manjedoura de Belém;
o Batismo, em que Jesus é confirmado como o Filho de Deus; e o milagre de Caná, em
que Jesus transforma água em vinho, realizando o seu primeiro milagre. Estes são os
sinais de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus Salvador. É significativa a antífona
do Cântico evangélico da Oração da Tarde na solenidade da Epifania do Senhor:
“Recordamos
neste dia três mistérios: Hoje a estrela guia os Magos ao presépio. Hoje a
água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos”
(LH, vol. I, p. 519).
A Igreja ocidental mantém a Epifania (06 de janeiro ou
no Domingo entre os dias 2 e 5) ligada aos magos e no domingo seguinte celebra o Batismo
do Senhor. O Milagre de Caná é celebrado, no Ano C, no domingo após o Batismo do Senhor
(2º Dom do Tempo Comum). No domingo da oitava do Natal (ou 30 de dezembro na ausência
deste) celebra-se a festa da Sagrada Família. Abençoai, Senhor, a nossa preparação
ao Natal e acompanhai-nos na celebração de seus santos mistérios!