2013-12-12 20:17:31

Há 44 anos, Bergoglio era ordenado sacerdote


Cidade do Vaticano (RV) – Há 44 anos Jorge Mario Bergoglio era ordenado sacerdote na Companhia de Jesus. Era 13 de dezembro de 1969. Muitas vezes nos seus discursos, Papa Francisco falou da figura do presbítero. Quem o conheceu de perto entre o final dos anos 70 e o início dos 80 foi o sacerdote Miguel Yanez, jesuíta argentino, hoje Diretor do Departamento de Teologia Moral da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Padre Yanez estudou no Colégio São José, em San Miguel, Argentina, de 1977 a 1979, quando o então Padre Jorge Mario Bergoglio era Provincial dos jesuítas. Posteriormente, reencontrou-o entre 1981 a 1985, quando Padre Bergoglio tornou-se Reitor do Colégio. A partilha da Missa matutina, a convivência da vida no colégio, o estudo, mas também os momentos de recreação passados juntos, estão entre as suas tantas recordações.

R: “Era muito próximo a nós, nos incentivava verdadeiramente a uma vida espiritual séria e partilhada em uma comunidade de irmãos, de amigos, onde existia também o momento de diversão, porém sempre motivados a anunciar o Evangelho - sobretudo aos mais pobres e a tomarmos conta deles. Para mim foram anos muito intensos, anos que recordo sempre e que me deram uma perspectiva quer para a minha vida espiritual, quer para a de estudos e de ensinamento”.

RV: O senhor tem alguma recordação especial do futuro Papa Francisco que conserva no coração?

R: “Sim, os tantos momentos em que trazíamos, do encontro com as pessoas, os problemas que não sabíamos como resolver e encontrávamos nele alguém com quem compartilhar estes problemas. Nos apoiava neste trabalho e nos dava meios para fazer frente a tudo isto”.

RV: “O Papa Francisco foi nomeado ‘Homem do Ano’ pela Revista Time. O que isto representa para vocês? Como foi acolhida esta notícia?

R: “Bem. Desejo que isto sirva verdadeiramente ao seu ministério. Eu conheci um Padre Bergoglio que fugia dos meios de comunicação, da notoriedade. O seu era um ministério muito escondido e agora, sem procurar, se encontra diante de um mundo que – penso – tenha necessidade de uma figura deste tipo, de uma mensagem assim clara e assim radical que é o Evangelho”.

Também outro presbítero, Giuseppe Conforti, da Diocese de Roma, conheceu o Papa Francisco que o ordenou sacerdote junto a outros 9, em 21 de abril. Naquele dia, na homilia, o Francisco recordou o que significa ser sacerdote: “Sejam pastores, não funcionários (…). Tenham sempre diante dos seus olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir, e para salvar o que estava perdido”. Antes da Missa, o Santo Padre dirigiu-se à Sacristia para rezar junto com os ordenandos, recomendando-os a Nossa Senhora. Este gesto ele costumava fazer em Buenos Aires, por ocasião das ordenações.

A Rádio Vaticano perguntou ao Padre Conforti quais recordações traz daquele encontro:

R: “De ser feliz por este grande dom de Deus. Após, fizemos uma oração juntos. Rezamos a Maria. Para nós foi bonito, pois não esperávamos este tipo de encontro. Estávamos todos emocionados”.

RV: O Papa, quando encontrou vocês antes da Missa, o que disse para vocês fazer como sacerdotes?

R: “Mais que tudo, ele quis um contato direto conosco. Disse-nos para rezar a Maria e depois nos disse: ‘Saibam que este dom que vos dá Deus é um grande dom!’, provavelmente é o dom maior que Deus possa dar a um homem”.

RV: O Papa, nos seus discursos, convidou os sacerdotes a serem presbíteros “com cheiro das ovelhas”, a estar, isto é, em meio às pessoas, sublinhando ainda que “um sacerdote não é sacerdote para si mesmo, mas o é para o povo”. Estas palavras do Papa Francisco encontraram eco na tua vida?

R: “Sim, sim! Experimentei isto encontrando pessoas nos 8 anos de seminário. Entendi que estas pessoas tinham necessidade do sacerdote, porque tinham necessidade de serem consoladas, de alegrarem-se, de terem esperança, de não sentirem-se nunca sozinhas e de acreditar no amor de um Pai. E foi alí que eu disse: “Quero ser um pastor entre as pessoas”. Um pastor – como disse o Santo Padre – que “deve ter o cheiro das ovelhas”, porque deve sujar as mãos”.

RV: “Um outro tema que o Papa Francisco destaca é o da Misericórdia. O Papa sublinha que não é necessário ser padres rigorosos ou muito flexíveis. Para ele, o sacerdote misericordioso é aquele que diz a verdade, mas acrescenta: “Não se apavores, o bom Deus nos espera. Vamos juntos”. Este é um aspecto que ressoa na sua vocação de sacerdote?

R: “Muito. Eu descobri, nestes 8 meses de sacerdócio, que justamente com o Sacramento da Confissão nós conseguimos nos formar ainda mais, justamente ao escutar as pessoas. O Papa Francisco disse que não se deve cansar nunca de pedir perdão a Deus, porque Ele não se cansa de nos perdoar. Estas palavras ecoaram na minha vida. Quando ele fala de misericórdia, nos faz também entender que com o penitente devemos fazer um caminho de acompanhamento”. (JE)








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