Caritas Internacional quer eliminar a fome até 2025 - as declarações do secretário-geral
Michel Roy
Na audiência
geral desta quarta-feira o Papa Francisco lançou um apelo contra a fome e o desperdício
de alimentos lembrando a campanha da Caritas Internacional que tem como lema: ‘Uma
só família humana, alimento para todos’. Esta campanha foi lançada esta semana em
Roma e pretende eliminar a fome até ao ano 2025. Recordemos o apelo do Papa ontem
na Praça de São Pedro:
“Ontem a Caritas lançou uma campanha mundial contra
a fome e o desperdício de alimentos com o lema: ‘Uma só família humana, alimento para
todos’. O escândalo dos milhões de pessoas que padecem de fome não nos deve paralisar,
mas empurrar-nos a agir a todos nós, famílias, comunidades e governos para eliminar
esta injustiça. O Evangelho de Jesus mostra-nos o caminho: confiarmos na providência
do Pai e partilhar o pão quotidiano sem desperdiçar. Encorajo a Caritas a levar em
frente este empenho e convido todos a unirem-se a esta onda de solidariedade.”
A
organização desta campanha propõe que os governos adotem um quadro normativo sobre
o direito à alimentação. E considera fundamental sensibilizar a opinião pública para
a praga dos desperdícios. O nosso colega do programa italiano da Rádio Vaticano Paolo
Ondarza ouviu o secretário-geral da Cáritas Internacional Michel Roy:
“Não
se pode viver sem comer, sem beber: é um direito reconhecido pela Declaração dos Direitos
Humanos, há 65 anos, mas deve ser transformado em lei nacional. Um país como o Brasil
decidiu fazer uma política que se chama “Fome Zero” e as coisas mudaram. Se todos
os países do mundo tivessem uma lei nacional sobre o direito à alimentação, os governos
sentiriam-se mais obrigados a isto. Eu vejo que em muitos países, em que a fome é
forte, os governos consideram-na uma coisa normal, porque sempre foi assim: Não! É
um escândalo que a gente coma apenas uma refeição por dia ou até menos. Em cada país
do mundo há este problema. Mesmo aqui em Itália.
“É fácil dizer que a fome
é culpa dos políticos... É qualquer coisa que diz respeito a todos nós, devemos refletir
sobre os nossos estilos de vida. Estamos em solidariedade com os pobres , ou não?
Não se pode fechar os olhos, pelo contrário: deve-se responder a este problema. A
solidariedade é fundamental, a fraternidade – tema do Dia da Paz no próximo dia 1
de Janeiro – é fundamental.” (RS)