“Creio na vida eterna” – na audiência geral Papa evoca Nossa Senhora de Guadalupe
e faz apelo contra a fome
Quarta-feira
é dia de audiência na Praça de São Pedro e não obstante o frio que se fazia sentir
esta manhã em Roma foram largas dezenas de milhares os peregrinos que marcaram presença
neste encontro semanal com o Papa Francisco. O tema da catequese continua a ser o
Credo. Hoje a afirmação: Creio na Vida Eterna.
O Credo termina com as palavras:
«Creio na vida eterna». Hoje trataremos principalmente do Regresso glorioso de Jesus
e do Juízo Final – afirmou o Papa Francisco - que considerou ser um mistério que instintivamente
nos causa medo e inquietação, quando, pelo contrário, devia encher-nos de consolação
e confiança, como acontecia nas primeiras comunidades cristãs. Estas terminavam suas
orações com a súplica «Maranathà – Vinde, Senhor!».
“A este propósito,
o testemunho da primeiras comunidades cristãs ressoa muito sugestivo. Essas, de facto,
acompanhavam as suas celebrações e orações com a aclamação Maranathà, uma expressão
constituída por duas palavras aramaicas que se podem entender como uma súplica: ‘Vem,
Senhor!’ ou então como uma certeza alimentada pela fé: ‘Sim, o Senhor vem, o Senhor
está próximo’.”
No final do livro do Apocalipse – lembrou ainda
o Santo Padre - essa palavra (Maranathà) aparece nos lábios da Igreja-esposa, que
suspira pela hora de ver-se abraçada por Cristo, seu esposo, plenitude de vida e de
amor. O Juízo Final servirá para declarar-nos prontos para revestir a veste nupcial
da glória de Cristo e entrar no banquete definitivo da comunhão com Deus. Na verdade,
a condenação, que nos mete medo e que associamos com o Juízo Final, não se decide
no último dia mas em cada instante da nossa vida, como diz São João: «Quem crê em
Jesus não é condenado, mas quem não crê já está condenado por não crer no Filho Unigénito
de Deus». Somos nós próprios que, com a nossa incredulidade, nos condenamos à exclusão
da comunhão com Deus e com os irmãos. O Senhor Jesus deu-Se e continua a dar-Se a
nós para nos encher da misericórdia e da graça do Pai.
“Não nos cansemos,
portanto, de vigiar sobre os nossos pensamentos e sobre as nossas atitudes, para saborear,
desde agora, o calor e o esplendor do rosto de Deus, que na vida eterna contemplaremos
em toda a sua plenitude.”
No final da catequese e já no período
das saudações nas várias línguas o Papa Francisco proferiu uma mensagem a propósito
da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira de toda a América:
“Amanhã
é a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira de toda a América . Nesta ocasião,
quero saudar os irmãos e irmãs do continente , e o faço pensando em Nossa Senhora
de Tepeyac .
Quando apareceu a São Juan Diego, seu rosto era
o de uma mulher mestiça e as suas roupas estavam cheias de símbolos da cultura indígena.
Seguindo o exemplo de Jesus, Maria está perto dos seus filhos, como uma mãe carinhosa
acompanha o seu caminho, partilha as alegrias e as esperanças, os sofrimentos e as
angústias dos homens de Deus, que são chamados a fazer parte de todos os povos da
terra .
A aparição da imagem da Virgem na tilma (manto) de Juan
Diego era um sinal profético de um abraço, o abraço de Maria a todos os habitantes
das vastas terras americanas, que já estavam lá e os que virão depois.
Este
abraço de Maria apontou o caminho que sempre caracterizou a América: uma terra onde
povos diferentes podem conviver, uma terra capaz de respeitar a vida humana em todas
as fases, desde o nascimento até a velhice, capaz de acolher os migrantes assim como
os pobres e marginalizados de todas as idades. Uma terra generosa.
Esta
é a mensagem de Nossa Senhora de Guadalupe, e esta é a minha mensagem, a mensagem
da Igreja. Encorajo todos os habitantes do continente americano a terem os braços
abertos como a Virgem Maria, com amor e ternura.
Eu oro por todos
vós, queridos irmãos e irmãs em todas as Américas, e peço que orem por mim . Que a
alegria do Evangelho esteja sempre nos vossos corações. O Senhor vos abençoe e Nossa
Senhora vos acompanhe.”
O Santo Padre saudou também os peregrinos
de língua portuguesa dando-lhes a benção por intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe,
Padroeira das Américas a cada um dos peregrinos e às suas famílias.
No
final da audiência o Papa Francisco lançou um apelo contra a fome e o desperdício
de alimentos lembrando a campanha da Caritas Internationalis com o lema: ‘Uma só família
humana, alimento para todos’.
“Ontem a Caritas lançou uma campanha mundial
contra a fome e o desperdício de alimentos com o lema: ‘Uma só família humana, alimento
para todos’. O escândalo dos milhões de pessoas que padecem de fome não nos deve paralisar,
mas empurrar-nos a agir a todos nós, famílias, comunidades e governos para eliminar
esta injustiça. O Evangelho de Jesus mostra-nos o caminho: confiarmos na providência
do Pai e partilhar o pão quotidiano sem desperdiçar. Encorajo a Caritas a levar em
frente este empenho e convido todos a unirem-se a esta onda de solidariedade.”
(RS)