Buenos Aires (RV) – “A Argentina necessita com urgência deter atitudes que
comprometem a segurança e a paz social” – são as primeiras palavras do comunicado
emitido nesta terça-feira, 10, pela Conferência Episcopal Argentina a respeito da
onda de saques e violência em várias províncias do país.
“Não devemos negar
os problemas, mas assumi-los e solucioná-los através de um diálogo sincero e construtivo,
que é expressão de pertença e amizade social. O imenso conflito policial criou situações
de abandono da cidadania, que não concordam com o espírito e o profissionalismo tradicional
das forças de segurança. Necessitamos de sua presença e a valorizamos. Lamentamos
ainda que ante esta situação, tenham-se verificado episódios de abuso, crimes contra
a vida e os bens de muitos cidadãos”, diz o comunicado.
A nota é assinada
por Dom José María Arancedo, Arcebispo de Santa Fe de la Vera Cruz, Presidente da
Conferência Episcopal Argentina.
Cinco pessoas morreram nas últimas horas em
diferentes pontos do país em uma nova onda de saques durante protestos de policiais
por reivindicações salariais, o que eleva para pelo menos sete o número de vítimas
mortas em várias províncias. Os protestos tiveram início em Córdoba e se generalizaram
por pelo menos 16 regiões do país.
Os incidentes começaram na semana passada
em Córdoba, a 700 km ao oeste de Buenos Aires, quando dezenas de pessoas se lançaram
a saquear lojas e supermercados, aproveitando a ausência de policiais nas ruas, que
se declararam em greve para exigir uma melhora de seus salários básicos.
Os
protestos se estenderam desde então para outras dez províncias da Argentina, apesar
das chamadas do governo nacional e dos governos provinciais aos policiais para que
cessem "a extorsão" e efetuem suas reivindicações através do diálogo. Ao lado das
regiões citadas, também se aquartelaram as forças em Catamarca, Corrientes, Mendoza,
Santa Fé, Río Negro (província), Neuquén e Chubut.
Os aumentos salariais conquistados
pelos policiais em várias províncias para retornar suas funções contemplam salários
básicos de cerca de 8.500 pesos (R$ 3.140), que em alguns casos representam um aumento
de até 50%. (EFE e Clarín)