'A última palavra', um livro sobre o pontificado de Bento XVI
Cidade do Vaticano (RV) – Um pontífice “mestre de comunicação”, que a despeito
de uma aparente frieza, sempre foi capaz de aquecer os corações dos homens; que possuía
interiormente a palavra que anunciava, amadurecida no silêncio e na meditação, e expressa
depois nas suas célebres encíclicas, nos seus escritos e nas tantas e profundas homilias
pronunciadas. Este é Bento XVI para a Igreja e para o mundo, segundo a vaticanista
Giovanna Chirri, a primeira jornalista que noticiou a renúncia do Papa Ratzinger e
que apresentou nesta quarta-feira, em Roma, seu livro “A última palavra”, “gestos
e palavras de Bento XVI que marcaram a história” (Ed. San Paolo).
“A personalidade
do Pontífice – escreve no Prefácio o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre
Federico Lombardi – é bem delineada também na sua humanidade, na sua sensibilidade,
gentileza e na sua eminente humildade”, acrescentando que a escrita de Giovanna Chirri
“foi guiada, além da atenção da jornalista de uma agência, por uma equilibrada simpatia
pelo protagonista da obra, com aquela boa disposição que é necessária para entender
dele o espírito e as intenções”.
Para a autora, o Pontificado de Bento XVI
foi breve (durou 8 anos) mas muito intenso, representando um verdadeiro tesouro para
a Igreja, para ser renovada no espírito e nas estruturas. “Um tesouro imenso, confiado
pelo Papa Emérito ao seu sucessor: sólidos fundamentos sobre os quais o Papa Francisco
está agora edificando a renovação eclesial desejada por diversas partes, para tornar
mais eficaz o diálogo da Igreja com os homens e com o mundo”, escreve a jornalista.
No
livro, Chirri faz uma interpretação de fatos ocorridos durante o pontificado, seguidamente
após as viagens de Bento XVI ao exterior e na Itália, assim como de alguns pronunciamentos
mais significativos: do célebre discurso em Regensburg sobre a relação entre fé e
razão à incisiva ação levada em frente contra a pedofilia, com uma especial atenção
pelas vítimas; da remissão da excomunhão do Bispo lefebvriano Williamson ao caso
da fuga de documentos reservados do apartamento do Pontífice; do diálogo interreligioso
e do tema da Igreja ‘humilde’, desenvolvido em Verona em 2006 à denúncia do perigo
de uma “modernização fundada numa atenuação da fede”, feita na Alemanha em 2011.
Das
páginas escritas por Chirri, transparece sobretudo a figura de um “Papa do diálogo”
que, por meio de seus escritos, pediu para não curvar-se à superficialidade de pensamento
e à mediocridade da vida, e convidou os homens a dar valor a sua vida individual,
projetando-a em direção ao uma esfera sobrenatural; e à própria vida coletiva, vivendo-a
dignamente na família, nas profissões e nos vários grupos sociais.
“Humilde
mas refinadíssimo teólogo, Papa Ratzinger – disse o Cardeal Christoph Schoenborn na
apresentação do livro - deixa ao mundo uma obra gigantesca e merecidamente é considerado
um gigante da Igreja de Deus”. (JE)