Organização Mundial do Comércio (OMC) chega a acordo histórico para o comércio global
Este fim-de-semana
foi de festa na ilha indonésia de Bali na cimeira da OMC - Organização Mundial do
Comércio segundo informa o site do jornal português “Público”. O secretário-geral
da organização, o brasileiro Roberto Azevedo (à esquerda, na foro) afirmou que “pela
primeira vez na nossa história, a OMC conseguiu produzir resultados”. Pressões de
última hora da Índia e dos Estados Unidos e ameaças de veto de Cuba foram ultrapassadas
e os 159 países membros da OMC deram luz verde a um acordo que, no fundamental, visa
facilitar as transações internacionais de bens e garantir mais acesso dos países pobres
aos mercados das nações mais ricas do planeta. Portugal é, segundo o Governo, um
dos beneficiários deste acordo, que lhe irá permitir “dar o salto para ter uma posição
mais importante nos mercados globais”, afirmou à Lusa Bruno Maçães, secretário de
Estado dos Assuntos Europeus que estima ser possível com as novas regras Portugal
reduzir os custos de transação em cerca de 10%. Estudos de organizações académicas
de referência internacional sustentam que o acordo agora alcançado poderá contribuir
para injetar 700 mil milhões de euros na economia mundial e gerar 21 milhões de postos
de trabalho, essencialmente nos países em desenvolvimento. Mas há quem lembre que
os progresso alcançados são poucos. “As negociações falharam ao não assegurar proteção
permanente para os países assegurarem alimentação para os seus povos”, defendeu John
Hilary, da organização não-governamental War on Want, citado pela BBC. Nick Deardan,
da Movimento pelo Desenvolvimento Mundial, sustenta que, “se os Estados Unidos e a
Europa realmente quisessem combater a pobreza mundial, teriam aceitado um acordo mais
forte para os países mais pobres”. Apesar das vozes críticas, o entendimento de
Bali, em que Roberto Azevedo acabou por mostrar ter uma capacidade negocial que não
se via nos seus antecessores, contém aspetos muito positivos. Embora não ataque a
sério a questão das tarifas alfandegárias, no sentido de alguma normalização e impedindo
que elas funcionam como barreira protecionista para os produtos de cada estado, contém
outros elementos importantes. Desde logo, um conjunto de medidas que visam reduzir
os prazos para que os produtos sejam desalfandegados, o que é fundamental para que
o fluxo de comércio internacional possa intensificar-se, e procedimentos administrativos
menos pesados, que facilitem o processamento das mercadorias nas fronteiras. A
questão da redução ou abate puro e simples das quotas de importação para produtos
dos países menos desenvolvidos é outro ponto marcante do acordo de Bali, bem como
a permissão de manutenção de subsídios à agricultura nos países onde tal é considerado
fundamental para alimentar a população. (RS)