Átrio dos Gentios, em Itália, sobre a solidariedade – Cardeal Ravasi: falemos de gratuidade
na economia
Esta semana
teve lugar em Roma mais um encontro do Átrio dos Gentios, desta vez sobre a solidariedade.
Levado a efeito na Embaixada de Itália junto da Santa Sé este encontro tinha como
título: “Solidariedade: dever religioso ou dever cívico”. Sobre mais esta etapa do
Átrio dos Gentios o nosso colega da redação italiana Fabio Colagrande falou com o
Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício da Cultura que é a instituição
vaticana que promove estes encontros:
“Nós quisemos introduzir um outro vocábulo,
que no campo da relação com a economia é provocatório. Trata-se da palavra gratuidade.
A gratuidade supõe evidentemente o dom. O dom deveria ser, obviamente, uma componente,
antes de mais, religiosa, tanto isto é verdade que muitos recordam a única frase de
Jesus Cristo, que não vem citada nos Evangelhos, mas que S. Paulo cita no cap. XX
dos Atos dos Apóstolos e que diz: “Há mais alegria no dar que no receber”. Ora a gratuidade
que nós queremos considerar neste Átrio é uma componente sim ética e religiosa mas
uma componente necessária ao próprio desenvolvimento autêntico da economia. É uma
alfinetada numa conceção de economia de estilo financeiro e mercantilístico que considera
apenas o interesse, o lucro como volante da própria economia.”
“Efetivamente,
se nós tivermos em conta a realidade da verdadeira economia, nós deveremos considerá-la
precisamente na sua própria etimologia que é “nomos” da “oikia” do mundo, ou seja
a lei da casa do mundo. Uma casa administra-se não apenas através da gestão brutal
dos bens materiais ou do dinheiro, mas vem calibrada sobre uma série de componentes
múltiplas que são, muitas vezes, componentes de doação. O que quer dizer que nos últimos
anos reduzimos a economia a uma mera técnica financeira a uma mera lei dos mercados.
E, assim, tornou-se num elemento quase desumano, um elemento que rompeu a verdadeira
autenticidade da economia.” (RS)