Jales (RV) - Com data de 24 de novembro de 2013, o Papa Francisco acaba de
publicar o seu primeiro documento, escrito sob sua responsabilidade, em forma de “Exortação
Apostólica”, com o sugestivo título: “Evangelii Gaudium” - “A Alegria do Evangelho.”
O que logo salta aos olhos é a disposição do Papa, de não perder tempo, e de valorizar
o impulso renovador que imprimiu ao seu pontificado desde o início.
Com este
documento, ele se propõe retomar, com firmeza e franqueza, as propostas do Concílio
Vaticano II, tomando o principal documento conciliar como inspiração e roteiro de
suas propostas de agora, sobretudo o capítulo dois da Lúmen Gentium, que descreve
a Igreja como Povo de Deus. Assim fazendo, ele não só recomenda colocar em prática
o concílio, mas dá o exemplo de como fazê-lo.
A forma do documento remete
ao Sínodo de 2012, sobre a Nova Evangelização e a Transmissão da Fé. Sínodo inaugurado
no dia 11 de outubro, quando ao mesmo tempo estava iniciando o Ano da Fé, e se celebrava
o jubileu de 50 anos do Concílio.
São todas datas convergentes, importantes
para dar-nos conta das reais intenções do Papa. No encerramento do Ano da Fé, ele
retoma a caminhada da renovação eclesial, valorizando o esforço já feito, mas propondo
claramente “uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicar caminhos
para o percurso da Igreja nos próximos anos”.
Portanto, é o seu “programa
de governo” que ele está propondo com esta “exortação apostólica”, com a clara intenção
de retomar a ação evangelizadora da Igreja com a alegria e o entusiasmo de quem experimentou
o que significa o encontro pessoal com Jesus Cristo, que ele insiste, desde Aparecida,
a apresentar como o início do processo de conversão pessoal, imprescindível para se
assumir, com alegria, o compromisso pessoal de cada cristão na sua ação evangelizadora.
Bem
do seu estilo de linguagem franca, o Papa Francisco faz um apelo pessoal a cada cristão,
de buscar o seu encontro pessoal com Cristo, ou ao menos de se deixar encontrar por
ele. Isto está bem de acordo com uma das maiores insistências de suas alocuções, incentivando
todos a terem confiança na misericórdia divina, com a certeza de serem bem acolhidos:
“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar
hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão
de se deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo
para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da alegria
trazida pelo Senhor ninguém é excluído».O Senhor não desilude, e quando alguém dá
um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos
a sua chegada”.
Depois deste convite, impregnado de confiança e de espiritualidade,
o Papa usa uma linguagem franca e direta, convidando todos os membros do povo de
Deus, a reencontrarem a alegria de se sentirem envolvidos na Boa Nova que Cristo nos
trouxe, e que nunca perde o seu vigor.
Uma passagem bonita desta Exortação
Apostólica é a que fala da diversidade cultural, em que o Evangelho foi acolhido ao
longo dos séculos, e continua sendo hoje também. Isto abre caminho para que a Igreja
de Cristo comporte, dentro de si mesma, uma legítima e sadia diversidade, dando espaço
para o ecumenismo e o diálogo com outras religiões.
Um documento a ser acolhido
como mensagem especial deste Papa que a Providência nos proporcionou, de maneira surpreendente
e oportuna.