Maringá - (RV) - Hoje celebramos a solenidade de Cristo Rei do Universo e a
conclusão do Ano da Fé. O Papa Bento XVI, ao criar o Ano da Fé, quis proporcionar
uma oportunidade para que todos os fiéis compreendessem o fundamento principal da
fé cristã: o encontro pessoal com Jesus. Assim ele dizia: O “fundamento da fé cristã
é `o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte
e, desta forma, o rumo decisivo´”. Fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado,
a fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. “Também
nos nossos dias a fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar” para
que o Senhor “conceda a cada um de nós viver a beleza e a alegria de sermos cristãos”.
Diante
deste grande desafio do homem e da mulher de hoje, cuja fé é abafada por tantas ideologias,
pelo mundo do ter e do prazer, pelo materialismo selvagem que leva ao consumismo sem
limites, pelo homem e a mulher se colocarem no lugar de Deus determinando o que pode
e o que não pode, fez com que perdêssemos a beleza e a alegria de sermos cristãos.
Perder a alegria e a beleza significa perder o sentido de viver, de lutar, de criar
amizade verdadeira, de trabalhar não só para ganhar essa vida, mas a outra, que é
a verdadeira vida. Esse ano foi e continuará sendo uma oportunidade de refazer em
nós o dom de acreditar.
A pergunta de Jesus é preocupante: “O Filho do homem,
quando voltar encontrará fé sobre a terra? (Lc 18,8). Penso que a prepotência do ser
humano, o domínio da técnica sobre a liberdade, fazendo-nos escravos do tempo e do
momento, manipulados de todos os lados pelos meios modernos de comunicação, tudo isso
faz com que esqueçamos os valores mais simples e fundamentais da vida humana. Vale
recordar o que a Sagrada Escritura diz: “Deus resiste aos soberbos, mas concede a
graça aos humildes”. Obedecei pois a Deus, e ele se aproximará de vós. Purificai as
mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dú bios. Ficai tristes, vesti
o luto e chorai. Transforme-se em luto o vosso riso, e a vossa alegria em desalento.
Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4,10).
Certamente não
foi por acaso que o próprio Jesus repreendeu os discípulos dizendo: Porque vocês tem
medo, homens de pouca fé? (Mt 8,26). Na travessia do mar, cujas ondas ameaçavam um
naufrágio, tomados pelo medo, esqueceram que o Senhor estava ali, julgando que estivesse
dormindo. Só podiam sentir medo. Estamos no meio do mar. As ondas da incredulidade,
da soberba, da auto suficiência humana, do sentir-se deuses, ameaçam atravessia do
mar da vida. “Que ninguém roube a vossa esperança”, disse o Papa Francisco aos jovens
no Rio de Janeiro. Esse é o tempo favorável, esse é o dia da salvação e não do medo
e do pessimismo de que tudo está perdido.
Levantemos a cabeça, olhemos para
o grande horizonte da vida humana e divina que vivemos. Não estamos perdidos, pelo
contrário, estamos celebrando hoje a festa de Cristo Rei. O nosso Rei é Jesus. Um
Rei sem reino e sem trono, sem coroa e exército, mas de poder e majestade que nos
oferece a verdadeira vida. No encontro pessoal com Jesus, refazemos a nossa fé a cada
dia. Dobrando os joelhos e inclinando a cabeça diante do Rei encontraremos a razão
de crer e continuar o caminho de salvação com pés no chão e os olhos no céu. Só assim,
ao voltar, o Filho do Homem encontrá um povo que vive e caminha na fé e da fé.