20 anos do Novo Catecismo: A capacidade do homem em relacionar-se com Deus
Cidade do Vaticano (RV) – O homem é capaz de
Deus. O Criador deixou nas suas criaturas uma marca, que as levam a buscá-lO.
A
partir da criação, pode-se intuir elementos da presença de Deus, vestígios do Criador.
O amor é a causa mais profunda da criação e a encarnação do Nosso Senhor é movida
por este amor de Deus que quer salvar todas as suas criaturas.
Mas, se o homem,
como criatura, é capaz de Deus, como o Criador, como se dá este relacionamento? Esta
é a reflexão do Monsenhor Antonio Luiz Catelan, para a edição de hoje dos 20 anos
no Novo Catecismo:
“O ser humano tem em si mesmo aquela capacidade de relação
com Deus, dada pelo próprio Deus e hoje vamos ver como isto entra em ação. Primeiramente
entra em ação pela nossa própria natureza, usando estas faculdades que Deus, por sua
disposição, nos concedeu. E a nossa tradição católica nos fala que existem vias, caminhos,
para o conhecimento de Deus. Isto se encontra no Novo catecismo a partir do numero
31. Sobretudo o mundo criado, a natureza, serve de base prá isto, seja o mundo criado
seja a nossa própria realidade humana.
São Paulo, no início da carta aos Romanos,
faz uma bela reflexão sobre isto, dizendo que desde o início se pode conhecer a Deus
porque isto é manifesto nas obras de Deus, por seu poder, pela sua beleza, na sua
Providência, o cuidado amoroso que Ele teve por cada um de nós. Tudo isto está manifesto
claramente em toda a natureza. Basta a inteligência nossa, examinar com atenção, com
calma e vai perceber que tamanha beleza, tamanha perfeição, nos mínimos detalhes,
e também nas grandes forças do universo, tudo isto não ter origem em si mesmo e nem
um fim em si mesmo. Tudo isto provém de Deus, tudo isto nos conduz a Deus.
Tirando
conseqüências disto, São Paulo no primeiro capítulo, um pouco também no segundo capítulo
da Carta aos Romanos, diz que este conhecimento, por si mesmo já é capaz de orientar-nos
para uma vivência religiosa, para a prática da virtude religião, para nos relacionarmos
com Deus, com todo o respeito, com submissão, mas mesmo tempo com confiança e amor
e não apenas é suficiente para a prática da virtude da religião, mas é também suficiente
para a prática da moral, para compreendermos com toda esta beleza, com toda esta
grandeza, compreendermos que no íntimo de nossa consciência há uma voz que nos dita
o que é o bem e o que é o mal. Então, o conhecimento natural de Deus já é o suficiente
também para ouvir o nosso caminho ético, a nossa relação ética com todas as coisas,
conosco mesmo e também com Deus. Neste mesmo capítulo já São Paulo nos diz que se
as coisas não funcionam corretamente é porque algo atrapalhou este caminho. Mas isto
vamos meditar em outra oportunidade.
Mas hoje nos fixamos numa frase de Santo
Agostinho citada no Catecismo, muito bonita, é o Sermão 241 onde ele diz: ‘Interroga
a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata
e se difunde, interroga a beleza do céu, interroga todas estas realidades, todas elas
te respondem. Tua beleza é um hino de louvor, é uma confissão. Estas belezas sujeitas
à mudança, quem às fez senão Aquele que é o belo e não está sujeito a nenhuma mudança?’
Com esta frase Santo Agostinho tira as conseqüências de um estilo espiritual da doutrina
exposta por São Paulo”.
Monsenhor Luis Antonio Catelan Comissão
da Doutrina da Fé – CNBB