Mensagem do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes para
o Dia Mundial da Pesca
Cidade do Vaticano (RV) - O Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes
e os Itinerantes recorda que no próximo dia 21, celebra-se o Dia Mundial da Pesca.
A iniciativa pretende lembrar a situação precária em que vivem muitas comunidades
de pescadores do mundo e a importância de preservar os recursos oferecidos pelo mar.
A
nota, assinada pelo Presidente desse organismo vaticano, Cardeal Antonio Maria Vegliò,
e pelo Secretário, Dom Joseph Kalathiparambil, ressalta que "nos últimos anos, o sistema
de pesca foi desenvolvido de acordo com a lógica do lucro: encher as redes no menor
tempo possível e muitas vezes com pouca consideração aos peixes e ao tempo necessário
para se regenerarem".
"O princípio do lucro que influencia o mundo da pesca
industrial e artesanal, naturalmente leva os pescadores a trabalhar em condições climáticas
adversas e por longas horas, com um excesso de cansaço que muitas vezes causam acidentes
até mesmo mortais. Geralmente, em casos de acidentes no trabalho, a proteção social
para o pescador e sua família é reduzida ao mínimo ou é inexistente", ressalta a mensagem.
O
documento sublinha ainda que "na pesca industrial os contratos são irregulares, o
salário é inadequado e a bordo faltam os requisitos mínimos de segurança. Na pesca
artesanal a poluição das costas e a destruição do habitat ao longo dos litorais obrigam
os pescadores a irem mais longe com embarcações inadequadas, colocando em risco suas
vidas".
"As relações familiares dos pescadores são colocadas à prova por causa
dos tempos prolongados no mar e por causa da breve presença na família. A esposa do
pescador enfrenta as dificuldades causadas pela ausência do marido, assumindo o duplo
papel de pai e mãe, com sérias implicações no processo evolutivo e na educação dos
filhos."
"O ritmo de trabalho e de vida dura, às vezes associada
com a falta de instrução, tornam os pescadores homens sem voz na sociedade, impotentes
para fazer valer os seus direitos, marginalizados e isolados", ressalta ainda a nota
do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.
"A
globalização da pesca e a falta de trabalho criaram um fenômeno novo: a exploração
dos trabalhadores migrantes que por causa da pobreza e da miséria podem ser cair nas
garras de agências de recrutamento que os obrigam a formas de trabalho forçado, e
eles se tornam vítimas do tráfico de pessoas a bordo das embarcações."
"O Apostolado
do Mar quer mais uma vez ser voz de quem não tem voz e denunciar os problemas e situações
difíceis de trabalho e da vida dos pescadores e suas famílias", sublinha o documento.
"Renovamos
o nosso apelo a todos os Governos a fim de que ratifiquem o mais rápido possível a
Convenção sobre o Trabalho na Pesca de 2007 a fim de garantir aos pescadores a segurança
no trabalho, assistência médica contínua, horas suficientes de descanso, proteção
de um contrato de trabalho e a mesma proteção social", conclui o comunicado. (MJ)