Milão (RV) – Neste domingo, 17 de novembro, o Padre Paolo Dall’Oglio completa
59 anos. O jesuíta romano está desaparecido desde que, há quatro meses, foi negociar
com rebeldes em Raqqa, na fronteira da Síria com o Iraque, a libertação de reféns
em seu poder. Desde então, não se teve mais notícias suas. Um grupo de amigos, ligados
como ele à oposição síria, promove para este domingo uma manifestação em Milão. O
encontro, que deverá reunir cristãos e muçulmanos, está marcado para as 16 horas,
no Arco da Paz. O objetivo é expressar proximidade ao sacerdote.
“Paolo Dall’Oglio
dedicou 30 anos de sua vida em favor do diálogo islâmico-cristão – escrevem os organizadores
- e lutou na linha de frente para dar voz aos direitos que o povo sírio reclama desde
que em 15 de março de 2011 começou a sair às ruas para pedir dignidade e liberdade
para todos os sírios, contra um regime tirano”.
A iniciativa em Milão não
é um ato isolado. Há poucos dias foi criado na França o blog paolodalloglio.com, com
o mesmo objetivo: não deixar que este acontecimento seja esquecido com o passar do
tempo.
Não se tem notícias de Padre Dall’Oglio desde 29 de julho último, quando,
na cidade de Raqqa – controlada por rebeldes, mas sempre em tensão pela presença de
grupos da Al Qaeda e de outras denominações que combatem entre si – o sacerdote confiou
a alguns amigos que encontraria um líder do Exército Islâmico do Iraque e do Levante
(Isis) para uma mediação. A hipótese mais provável é que tenha sido feito prisioneiro
por esta milícia ligada à Al Qaeda, como aconteceu com dezenas de outros ativistas.
A Ministra do Exterior na Itália, Emma Bonino, declarou que a situação de
Padre dall’Oglio é mais complicada que aquela vivida pelo enviado do jornal ‘Stampa’,
Domenico Quirico, libertado em 8 de setembro. O governo italiano reitera que o sacerdote
jesuíta está vivo, mas não tem nenhuma prova concreta: “os contatos que tentamos conseguir
através da Inteligência se rompem facilmente e também as informações que nos chegam,
frequentemente são para despistar e necessitamos sempre de uma verificação muito pontual
e difícil”, explicou o governo italiano.
As notícias que continuam a chegar
de Raqqa, no entanto, são muito preocupantes. A cidade está nas mãos dos rebeldes
da ISIS que combatem abertamente outros grupos rebeldes. Há poucas semanas uma bandeira
da Al Qaeda foi hasteada em uma igreja em Raqqa, transformada em base dos rebeldes
e onde ocorrem torturas contra cristãos, segundo fontes confiáveis. (JE)