20 Anos do Novo Catecismo: "Os caminhos de acesso a Deus"
Cidade do Vaticano (RV) – O Catecismo nos ensina
que o homem é capaz de Deus. Na natureza humana, o Criador deixou a sua marca, assim,
a criatura livre e racional, tem no seu interior esta sede do seu Criador e portanto,
procura encontrá-lo.
No nosso espaço dedicado aos 20 anos da publicação do
Novo Catecismo, Monsenhor Antonio Luiz Catelan, vai refletir na edição de hoje sobre
as vias de acesso ao conhecimento de Deus.
“Neste caminho da busca de Deus,
antes mesmo de falarmos da Revelação e antes mesmo de falarmos de Jesus Cristo, Deus
feito homem, nós podemos falar de certas vias de acesso ao conhecimento de Deus. Não
são propriamente provas da existência de Deus, elas não tem um caráter científico,
são caminhos que podem ser trilhados nesta busca de Deus. Caminhos que podem ser trilhados
a partir da experiência humana mesmo e do existir no mundo.
O Papa Bento XVI,
na Verbum Domini, aquela Exortação escrita após o Sínodo em 2008, ele fala
que a natureza pode ser chamada de um grande livro. Citando Santo Agostinho ele fala
de um ‘Libernature’, livro da natureza, ou seja, a partir da criação
de Deus, a partir da natureza mesmo se pode intuir elementos da presença de Deus.
O
grande São Boaventura, falava que na natureza encontram-se vestígios de Deus. Vestígios
indicam que teria que se olhar os passos, perceber pelos passos que por alí alguém
passou e perceber a direção que aquela pessoa tomou. Então a própria natureza pode
ser comparada a um livro onde se encontram os vestígios de deus. E isto se encontra
na Escritura mesmo, a própria Bíblia Sagrada fala disto, no Antigo Testamento, no
Livro da sabedoria, no Livro do Eclesiástico. E São Paulo, na Carta aos Romanos, recolheu
estas informações de uma maneira muito bonita. Está no Capítulo I, versículos 19 e
20: “O que a respeito de Deus se pode conhecer, é manifesto, já que Deus mesmo deu
a todos este conhecimento. De fato as perfeições invisíveis de Deus são percebidas
pelo intelecto, não somente o seu poder eterno, mas também a sua própria divindade,
através das suas obras, desde a criação do mundo.
O texto indiretamente citado,
que é do Livro da Sabedoria, chega a dizer que se pode, através das criaturas, conhecer
o Amor de Deus, porque Deus criou tudo porque Ele quis, porque Ele amou e depois de
ter criado, Ele viu que tudo era bom e continuou amando, de tal maneira que o Amor
de Deus é o motivo da criação, é o motivo pelo qual Ele criou tudo que existe, pois
Ele é Amor e Ele é capaz de amar e de ser amado. O Amor, portanto, é a causa mais
profunda de toda a criação.
Assim como também, a Escritura Sagrada, sobretudo
São João, no Evangelho e na Primeira Epístola, vai dizer que este mesmo amor é a causa
também da nossa salvação. No Evangelho, no Cap. 3, versículos 15 e 16, diz que Deus
amou tanto o mundo que deu o seu Filho amado, não para condenar o mundo, mas que o
mundo seja salvo por Ele”, ou seja, a Encarnação do Nosso Senhor é movida pelo Amor
de Deus que quer que suas criaturas sejam salvas e não condenadas. É digno de nota,
que São João não diz simplesmente que o Verbo se encarnou para salvar a humanidade,
mas o mundo todo, ou seja, para realizar uma nova criação.
Possamos nós também,
então, contemplar o Livro da natureza e nele perceber o poder e a divindade de Deus,
mas sobretudo o seu grande amor por todos nós”.
Monsenhor Luis Antonio Catelan Comissão
da Doutrina da Fé – CNBB