“A Lista de
Bergoglio”, um dos mais recentes livros sobre o Papa Francisco, está à venda em Portugal
desde esta segunda-feira dia 11. “A Lista de Bergoglio” é um livro escrito pelo jornalista
italiano Nello Scavo, do jornal ‘Avvenire’, que relata ao longo de 192 páginas o testemunho
de dezenas de perseguidos políticos pela ditadura argentina salvos pelo Padre Jorge
Mario Bergoglio. Após o golpe de 24 de março de 1976 na Argentina os números da
violência da ditadura militar falam por si: cerca de 30 mil desaparecidos, mais de
15 mil fuzilados, 500 recém-nascidos retirados às suas mães que foram condenadas à
morte pelo regime militar e mais de 2 milhões de exilados. São estes os números trágicos
da ditadura da Junta Militar liderada pelo General Videla. É neste ambiente que o
jornalista Nello Scavo nos conta as numerosas histórias recolhidas em forma de testemunhos
sobre a ação do então padre Jorge Bergoglio. Recordemos as declarações do autor deste
livro à Rádio Vaticano no passado mês de setembro: “É difícil fazer uma estimativa
precisa, sobretudo porque o padre Bergoglio sobre isto nunca quis falar. Nós recolhemos
uma vintena de testemunhos todos em períodos diferentes entre si, de pessoas que não
se conhecem e que conheceram Bergoglio em épocas diferentes. Cada uma destas pessoas,
por sua vez, diz-se testemunha de, pelo menos, vinte salvamentos. Prudentemente, podemos
afirmar que são mais de cem as pessoas que o padre Jorge Mário Bergoglio salvou naquele
tempo. Depois há os que foram salvos indiretamente porque conseguindo evitar a prisão
e a tortura a estes jovens evitou-se que não fossem ditos outros nomes durante os
violentos interrogatórios a que eram submetidos todos os que acabavam debaixo da alçada
da ditadura.”Dos vários testemunhos recolhidos pelo jornalista Nello Scavo,
está o do jesuíta Juan Carlos Scannone, hoje com 81 anos, considerado o maior teólogo
argentino. Segundo ele, nunca se falou sobre o trabalho de Bergoglio em favor dos
perseguidos, para não parecer que estivessem “a tentar manipular os factos dos anos
da ditadura”. De entre os muitos que o padre Bergoglio salvou da ditadura militar
estão, por exemplo, sindicalistas, sacerdotes, estudantes e intelectuais, fossem eles
crentes ou não . No prefácio deste livro, assinado pelo Nobel da Paz Adolfo Pérez
Esquivel, podemos ler: “só o tempo vai traduzir a capacidade de Francisco adaptar
a Igreja aos tempos atuais e de reencontrar o caminho do Concílio”. (RS)