2013-11-13 18:32:45

Argentina: incidentes marcam ato interreligioso na Catedral de Buenos Aires


Buenos Aires (RV) - Um grupo ultraconservador católico tentou impedir nesta terça-feira, a realização de um ato judeu-católico na Catedral da Cidade de Buenos Aires. Rezando o Terço em alta voz, o grupo protestava contra o ato que recordava a “Noite dos Cristais”, considerado o inicio do Holocausto judaico perpetrado pelo nazismo.

Um sacerdote presente pediu, em nome do Arcebispo de Buenos Aires, Dom Mario Poli, que o grupo lefebvrista – composto em sua maioría por jovens - se retirasse do local e “não entrasse neste ato de provocação”.

O incidente foi repudiado por autoridades diplomáticas, funcionários e representantes da comunidade judaica, além de membros de direitos humanos e de diferentes credos religiosos.

Após os ânimos acalmados, Dom Poli, iniciou formalmente a cerimônia, dizendo em meio a aplausos: “Queridos irmãos judeus, sintam-se em casa porque os cristãos assim o querem, apesar destes atos de intolerância”. “Sua presença aqui não dessacraliza um templo de Deus. Realizemos em paz este encontro desejado pelo Papa Francisco”.

A Liturgia, organizada pela Comissão de Ecumenismo e Diálogo Interreligioso e pela B'nai B'rith Argentina, contou com reflexões alusivas de Dom Poli e do Rabino Abraham Skorka, Reitor do Seminario Rabínico Latinoamericano.

O ato baseou-se no texto "Da morte à esperanza", escrito pelo Rabino León Klenicki e peloo teólogo católico Eugene Fischer, e foi animado pelo Coro polifônico da Sociedade Hebraica Argentina.

Do ato interreligioso participaram também o Sacerdote Alejandro Llorente, o Rabino Jonás Shalom (Bet Am Marc Chagall) e os Pastores David Calvo (Igreja Luterana Unida), Ester Iglesias (Igreja dos Discípulos de Cristo), Sergio López (Igreja Dinamarquesa) e Mariel Pons (Igreja Evangélica Metodista).

Após a leitura dos textos dos Papas Bento XVI e Francisco, que condenam o genocídio e se solidarizam com o povo judeu, foi feito um silêncio para recordar “outros silêncios anteriores, daquelas conciencias emudecidas que aceitaram perseguições e foram indiferentes à degradação e aos crimes”. A seguir foram acesas 6 velas em memória dos 6 milhões de judeus mortos pelo nazismo e recitadas orações cristãs e hebraicas.

Na noite de 9 de novembro de 1938, grupos da juventude hitlerista percorreram locais judeus da Alemanha, Áustria e Tchecoslováquia, quebrando janelas de lojas, saqueando e queimando sinagogas. Calcula-se que foram destruídas 101 sinagogas e cerca de 7.500 negócios judeus, além de 91 judeus mortos e mais de 26 mil presos. (JE)









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