Cidade
do Vaticano (RV) - Temos uma vida e a amamos muito, mesmo vivendo em situações
difíceis. É bom viver!
Contudo, tendo uma vida feliz, realizada, ou ao contrário,
uma vida infeliz, ela inevitavelmente terminará um dia. E aí? Diz um ditado: “Não
há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”, tanto a alegria e o prazer, após
terem sido vividos, são como nada. Apenas permanecem na lembrança. Do mesmo modo,
a dor, a angústia, o sofrimento, após sua vivência pelo homem, é como se nada houvesse
ocorrido, apenas fica a memória. Embora saibamos que em alguns casos as recordações
– positivas ou negativas – podem deixar marcas indeléveis.
E nossa vida, em
todo o seu contexto, será levada ao nada? Alguns pensadores dizem que o homem é
o ser-para-o-nada.
E a Sagrada Escritura, o que nos diz? A primeira leitura
da liturgia de hoje nos fala em ressurreição, mas não como a entendemos a partir de
Jesus, mas como revivificação, uma continuação bastante melhorada desta vida e apenas
para os justos, não para todos os homens.
No Evangelho encontramos um grupo
de judeus ricos, os saduceus que negavam a ressurreição. Eles colocam uma pergunta
que só faz sentido se, de fato, após a morte tivermos uma revivificação, uma continuação
desta vida, tal como ela é, e não a ressurreição como professamos no Credo.
Jesus
nos diz que os que passam desta vida para a eternidade são filhos de Deus, porque
ressuscitam. Os que atravessaram a morte ganharam a filiação da Vida. Deus é vida
e, por isso, terão a vida plena, sem limites. São filhos de Deus, da imortalidade,
da plenitude do Amor.
Portanto, o modo como vivemos, como enfrentamos as coisas
boas e difíceis desta vida, demonstrará nossa fé na ressurreição. Será como uma nova
gestação em que é gerado o homem espiritual, aquele que nascerá de acordo com a imagem
de Deus, e, por isso, sua casa será a do Pai.
Desde agora podemos viver como
ressuscitados, nos diz São Paulo na segunda leitura. Apesar dos sofrimentos cotidianos,
resistamos a eles e peçamos ao Senhor que nos confirme na consolação eterna e na feliz
esperança da vitória plena de Cristo.
Existe outro dito brasileiro que possui
um espírito bastante cristão, no sentido de enfrentar as dificuldades e crer na mudança
que sucederá aos sofrimentos: “Enfrente as quedas, não desanime, levante, sacode a
poeira, dê a volta por cima!”
E para concluir com a Bíblia, podemos recordar
o que nos diz o Salmo 30 no versículo 6: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria
virá ao amanhecer”. (CAS)