Cidade do Vaticano (RV) - A prática da caridade
e do amor: o Papa Francisco na última quarta-feira, durante a audiência geral na Praça
São Pedro, pediu aos presentes um ato concreto de caridade para com uma menina gravemente
enferma; brincou... não vamos fazer uma coleta, mas sim rezar todos juntos pela sua
cura; o nome da menina é Noemi. A Caridade precisa de um ato concreto, de ação e não
de intenção... O Papa Francisco vem continuamente insistindo para que o cristão saia
da “casca” e se transforme em fermento da sociedade, mas de modo concreto. No centro
dessa ação está o amor.
A oração solicitada pelo Papa comoveu milhares dos
presentes na Praça São Pedro: Francisco pediu um ato de amor para quem ninguém conhecia;
“mesmo se não a conhecemos, ela é uma de nós, é uma cristã”, disse.
Noemi um
ano e meio e, desde quando nasceu, vive com uma doença terrível, a atrofia muscular
espinhal (AME). Ao lado do amor dos pais da menina está também o amor do Papa que
telefonou para o pai, Andrea Sciarreta. De fato, no dia 14 de outubro, quando o telefone
de Andrea tocou, do outro lado estava Francisco, que abraçou espiritualmente a menina
e toda família. O calvário dos Sciarreta recebeu o conforto e a proximidade do Santo
Padre. Desde então, os contatos se tornaram frequentes, culminando com o encontro
na Casa Santa Marta, na última quarta-feira.
O que o Papa fez nesta semana,
falando e demonstrando publicamente, sobre um encontro privado com o sofrimento de
uma família, é mais um exemplo de como nós cristãos podemos responder às exigências
e dificuldades de quem está ao nosso lado, e que muitas vezes definha diante da nossa
insensibilidade. É preciso ter tempo para parar e olhar ao nosso redor, para aqueles
que não conhecemos, mas que necessitam da nossa ajuda; eles são nossos irmãos e irmãs
que muitas vezes se apagam lentamente na maior indiferença de todos.
Na audiência
de quarta-feira o Papa Francisco falou dos carismas e da importância deles na vida
das pessoas, da comunidade. Os carismas são importantes e são meios para fazer com
que cresçamos na caridade. Todos nós temos carismas especiais que devemos descobrir
e utilizar.
É justamente na caridade que demonstramos o amor, que compartilhamos
dos sofrimentos e das alegrias do outro. Caridade rima com solidariedade e não deve
ser somente uma figura retórica. Se vivermos a caridade, devemos vivê-la até o fim,
sem medidas, “sem mas, e sem porém”... O Papa nos alerta para que a nossa ação não
seja uma “caridadezinha” para descargo de consciência, mas sim um entrar nas dores
e alegrias do outro, tornando-as nossas.
A lição desta semana apresentada pelo
Papa por meio de seus gestos nos deve levar a uma reflexão ainda mais profunda do
nosso ser cristão. Estamos, talvez, acostumados a nos identificar com a nossa fé somente
quando entramos na igreja para rezar, ou para uma celebração; pertenço a essa Igreja
então vou lá. Mas o caminho para chegar até ela está repleto de oportunidades para
colocar em prática aquela fé que pode se transformar em amor, em caridade; e frequentemente
temos a utópica visão de que o essencial está nas paredes do local sagrado. Esquecemos
que o nosso irmão também é templo sagrado e perdemos a oportunidade de viver a real
dimensão daquilo em que cremos.
Assim, muitas vezes desgastamos a palavra caridade
sem viver ou conhecer o amor, o verdadeiro amor... nos iludimos; e quem diz que ama
sem praticar a caridade, certamente vive no engano.
Caridade e amor caminham
juntos; a caridade é a eficácia do amor. “Quem não ama o próprio irmão que vê, não
pode amar a Deus que não vê” (1 Jo. 4,20). Papa Francisco pede a todos nós que vivamos
a Caridade e que não construamos a ilusão do sermos felizes sozinhos. (Silvonei José)