Uberaba - (RV) - A palavra “ressurreição”, literalmente, significa levantar,
erguer. Ela é muito usada nos textos da Sagrada Escritura, quando fala da ressurreição
dos mortos. É o ato de uma pessoa, considerada morta, viver novamente. É termo que
passa por profunda reflexão no mês de novembro, principalmente quando celebramos o
dia de todos os santos e de finados. Nos fundamentos e no entendimento dos cristãos,
a ressurreição tem uma base de fé. Para os descrentes ela não passa de uma aberração.
Os cristãos a entendem como plenitude da vida, tendo seu desfeche em Deus. É o que
motiva e dá ânimo para o enfrentamento dos sofrimentos na história de vida das pessoas. O
que dá base para a fé na ressurreição é a fidelidade aos ensinamentos divinos. A vida
temporal, na terra, deve apoiar-se na fé, na esperança e na caridade. Pela ressurreição,
ela terá continuidade na eternidade, não necessitando mais destas virtudes humanas,
mas apenas na totalidade do amor de Deus. No tempo presente, a pessoa precisa cultivar
o jardim de sua existência mesmo sendo dificultado por atos de perseguição, de sofrimentos
e de desânimo. Mas deve levar consigo a certeza de que a morte não é o término da
vida, mas o caminho que leva para a realização daquilo que é a finalidade do ser humano,
a vida em Deus. Pensar na ressurreição como obra divina significa ter convicção
de que Deus é sempre misericordioso, mas que também leva em conta a prática da justiça.
Deus não abandonará na morte os que preferirem morrer a negar a fé. Portanto, a ressurreição
é fruto também da escolha de fé feita de forma livre e determinada. Não é fácil
ter fé firme no meio de um mundo marcado pela descrença. Muitas pessoas, além de não
ter fé na ressurreição, tentam também impedir a propagação do evangelho. Existe até
uma hostilidade de adversários, mas o cristão não pode se intimidar e desanimar só
porque encontra dificuldades. É fundamental trabalhar a possibilidade de vida nova,
vida feliz e plenamente realizada em Deus.Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de
Uberaba.