Cardeal Koch na Coreia do Sul: há muita saudade de unidade entre cristãos
Cidade do Vaticano (RV) - Prossegue até a próxima sexta-feira, dia 8, em Busan,
na Coreia do Sul, a X Assembleia Geral do Conselho Ecumênico de Igrejas (CEI), cuja
edição tem como tema "Deus da vida, leva-nos à justiça e à paz". Mais de 300 Igrejas
e comunidades cristãs são associadas ao organismo ecumênico. A Igreja Católica, embora
não seja membro, colabora de vários modos com o CEI.
Numa mensagem para esta
ocasião, o Papa Francisco reitera "o compromisso da Igreja Católica a continuar a
cooperação de longa data com o Conselho, pedindo "a todos os seguidores de Cristo
que continuem intensificando a oração e a cooperação a serviço do Evangelho".
Entrevistado
pela Rádio Vaticano, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade
dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, um dos participantes do encontro, nos fala, inicialmente,
sobre a mensagem do Papa:
Cardeal Kurt Koch:- "Naturalmente, o Santo
Padre saudou todos os presentes e assegurou que a colaboração com o Conselho Ecumênico
de Igrejas deve prosseguir do mesmo modo sério como tem sido até então, afirmando
que podemos aprofundar ulteriormente a colaboração, mas que precisamos também de uma
nova visão do ecumenismo e da unidade. Em seguida, referiu-se, sobretudo, ao tema
dessa assembléia plenária 'Deus da vida, leva-nos à justiça e à paz' e fez um aceno
particular ao fato que na fé em Deus, na fé cristã em Deus é colocada a dignidade
da pessoa e que nós devemos empenhar-nos em favor da vida das pessoas, sobretudo dos
mais fracos e dos mais pobres, dos jovens, dos anciãos, dos refugiados e dos migrantes."
RV:
Nem todos veem no ecumenismo uma parte importante da missão da Igreja. O que podemos
considerar deste encontro de Busan que possa ajudar-nos a convencer as pessoas que
devemos trabalhar mais intensamente para superar as divisões?
Cardeal Kurt
Koch:- "Creio que em todas as Igrejas e em todos os lugares existam pessoas que
se empenham muito no campo do ecumenismo e, de outro lado, pessoas indiferentes. Aqui
na Coreia tive encontros em que percebi grande saudade e grande esperança de uma maior
unidade. Obviamente, estes sentimentos nascem do desejo deste povo de poder tornar-se
finalmente um único povo, entre Coreia do Norte e Coreia do Sul: a esperança é muito
forte. Por isso esperam muito que a unidade dos cristãos possa dar uma forte contribuição
para esse processo de unificação."
RV: O senhor faz votos de uma mais ampla
colaboração entre a Igreja Católica e o Conselho Ecumênico de Igrejas, talvez um papel
mais explícito na formação dessa visão no caminho da unidade?
Cardeal Kurt
Koch:- "Creio que estamos num bom caminho: na realidade, há muito tempo, percorremos
duas vias. Em primeiro lugar, a colaboração no campo que se ocupa substancialmente
dos aspectos da teologia, da fé e da constituição da Igreja e que produziu um notável
documento sobre a Igreja. Em segundo lugar, colaboramos no grupo de trabalho comum:
é um trabalho muito intenso entre o Conselho Ecumênico de Igrejas e a Igreja Católica.
Temos relações muito boas e cordiais com o secretário-geral do Conselho e espero que
consigamos portar avente e aprofundar tudo isso no futuro." (RL)