2013-11-02 15:02:05

Sacerdote denuncia: mortes no deserto do Níger são tão frequentes quanto no Mediterrâneo


Cidade do Vaticano (RV) - No Angelus desta sexta-feira de Todos os Santos, o Papa Francisco lembrou a tragédia no deserto do Níger.

O Santo Padre pediu orações pelas vítimas que partem de suas terras à procura de uma vida melhor e acabam por sucumbir à fome e à sede.

Noventa e duas pessoas já foram encontradas mortas no deserto do Níger. Muitas são mulheres e crianças e procuravam chegar à Argélia para depois viajarem ao seu objetivo final: a Europa. Estes corpos foram encontrados em avançado grau de decomposição.

A tragédia deste fenômeno migratório que atravessa esta parte de África não é menor do que aquele que acontece diariamente no canal da Sicília, como nos diz o Padre Moussie Zerai, presidente da Agência Habeshia para a Cooperação e o Desenvolvimento, entrevistado pela Rádio Vaticano:

“É um fenômeno muito ligado ao do Mediterrâneo e não se ouve falar, mas sucede que morrem dezenas de migrantes ali na fronteira entre o Sudão e a Líbia, o Chade e o Níger. Mas, ninguém fala disso...”

“Muitas vezes são abandonados pelos traficantes. Mesmo no passado, durante o regime de Khadafi, os militares pegavam as pessoas e as abandonavam na fronteira e aí morriam de fome e sede. Não respeitam os vivos, imaginemos os mortos, infelizmente.”

Esta tragédia volta a demonstrar a necessidade de uma verdadeira cooperação internacional. Para o Padre Moussie Zerai, o acesso humanitário não é suficiente:

“Não bastam só as ajudas humanitárias, é preciso trabalhar em várias frentes. O primeiro empenho da comunidade internacional é aquele de resolver as causas que levam estas pessoas a abandonarem os seus países, mas também, temporariamente, encontrar canais legais para acolher estas pessoas e realmente dar-lhes a proteção de que necessitam; embaixadas que abram as suas portas para acolherem os pedidos de asilo; programas de inserção; instrumentos vários para uma transferência legal do asilado dos campos de refugiados em direção aos países que oferecem proteção.”

(BF/RS)







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