Cidade do Vaticano (RV) – Nos dias 26 e 27 de
outubro último, Roma foi invadida por milhares de famílias que vieram à Cidade Eterna
para participar de uma grande festa “a céu aberto”, a festa da peregrinação "Família,
vive a alegria da Fé". Roma e principalmente a Praça São Pedro e os seus arredores
se transformaram no coração da família humana com a presença de casais de mais de
70 países. A manifestação foi organizada pelo Pontifício Conselho para a Família,
no âmbito do Ano da Fé. Quem esteve em Roma ou seguiu o evento pelos meios de comunicação
não pode ficar indiferente à alegria contagiante, primeiramente dos casais com seus
filhos reunidos – diria, num grande pic-nic da fé – e depois o sorriso e a ternura
do Papa Francisco. Um dos momentos que chamou a atenção foi de um menino, que no afã
de ficar perto Papa, chegou a se agarrar nas suas pernas: muitos nos escreveram que
gostariam de estar no lugar daquela criança. O Papa, como um avô, no meio de avós,
sentados ao seu lado e de crianças na sua frente, não se fez por menos, e como sempre,
dedicou momentos de afeto à pequena criatura que se sentia a vontade perto de Francisco,
chegando a sentar na sua cadeira quando essa estava vazia. Deixando de lado esse
momento de real dimensão do pontificado do Papa Francisco, ou seja, da sua simplicidade
para com todos, o Santo Padre voltou a repetir em três palavras a sua receita para
uma vida feliz em família, já que ele estava falando para as famílias de todo o mundo:
licença, obrigado, desculpe. O casal, disse o Papa tem necessidade da ajuda de Cristo
para caminhar juntos com confiança, para acolher um ao outro todos os dias, e perdoar-se
todos os dias! E isso é importante, nas famílias saber perdoar-se. As três palavras-chave
servem para levar avante uma família: nunca esquecer esse conselho: jamais terminar
o dia sem fazer as pazes. A paz deve ser refeita todos os dias em família. Sem pedir
desculpas é difícil recomeçar, e um novo começo serve sempre. Licença, obrigado e
desculpe! Palavras simples mas muitas vezes difíceis de serem colocadas em prática.
O unificador disso tudo é o amor, e quando falta amor, falta tudo, alegria, festa,
esperança, futuro. Essas três palavras do Papa nos fazem refletir quanto é simples
encontrar o equilibro em nossa vida familiar, mas ao mesmo tempo quanto é difícil
colocar em ato, gestos que podem transformar as nossas vidas. O matrimônio, a família,
se renova sempre com gestos de paz, após momentos de tensões e discussões; quem não
discute, só quem não respira, podemos dizer. Fazer as pazes é retomar a unidade; não
é fácil este caminho mas o resultado é edificante. O Papa Francisco não deixou
de recordar ainda duas fases importantes da nossa vida familiar: a infância e a velhice.
Muitos que estão lendo ou ouvindo esse texto já passaram pela primeira, e aguardam
a segunda, se já não a vivem. São os dois extremos da vida e os momentos talvez mais
vulneráveis de nossas vidas. Brota então a reflexão do tempo. O pouco tempo vivido,
(a infância) e o muito tempo vivido (a velhice). Um é tempo de esperança, outro tempo
de síntese, de distribuir experiência. Mas, nós dentro da família quanto tempo dedicamos
a esses dois extremos?; aos nossos filhos e aos nossos pais e avós? São momentos de
ternura e afeto pelos pequenos e de gratuidade para com os mais velhos; é um paradoxo,
é um “perder tempo”, para ganhar vida. Francisco já observou várias vezes que uma
sociedade que abandona as crianças e marginaliza os idosos corta as suas raízes e
ofusca o seu futuro. “Cada vez que uma criança é abandonada e um idoso marginalizado,
realiza-se não apenas um gesto de injustiça, mas sanciona-se também a falência da
sociedade. Cuidar das crianças e dos idosos é uma escolha de civilização. O encontro
das famílias no Vaticano na semana passada foi mais uma “oxigenada” na vida de quem
realmente vive esse sacramento com fé, dedicação, entusiasmo e amor. É na família,
e na pertença à grande família da Igreja que podemos experimentar a alegria da fé.
O segredo de tudo isto “é a presença de Jesus na família”, disse Papa Francisco.
A melhor coisa que podemos ter é pertencer a uma família, pois a nossa família é o
bem mais precioso que temos. (Silvonei José)