Na Missa da Peregrinação das Famílias, Papa Francisco aponta três características
da família cristã: rezar, conservar a fé, viver a alegria
A oração familiar
é a primeira caraterística fundamental da vida de uma família cristã, disse o Papa
Francisco na homilia da celebração eucarística de conclusão da Peregrinação das Famílias
no Ano da fé, esta manhã na Praça de S. Pedro repleta de fiéis e famílias provenientes
das diversas partes do mundo.
O texto do Evangelho deste domingo, disse o
Papa, põe em evidência dois modelos de oração: um que é um modelo falso, o do fariseu
e o outro modelo que é o autêntico, o do publicano. O fariseu encarna uma atitude
que não exprime acção de graças a Deus pelos seus benefícios e pela sua misericórdia,
mas sim a auto-satisfação. De facto, o Fariseu se considera justo, bondoso e fortificado
deste seu ser justo e bondoso ele julga os outros. O publicano pelo contrário, não
multiplica as palavras, a sua oração é simples e humilde porque permeada pela consciência
da própia indignidade , da sua miséria humana e por isso desejoso do perdão e da misericórdia
de Deus.
"Rezais algumas vezes em família? Algumas famílias o fazem certamente.
Mas tantos perguntam-me: como se faz para rezar juntos em família? A oração é algo
de pessoal e por outro lado não se encontra nunca um tempo apropriado, tranquilo para
o efeito etc. Sim, é verdade, mas é também uma questão de humildade, de reconhecer
que, tal como o publicano, também nós temos necessidade de Deus. Todas as famílias
precisam de Deus, da sua misericórdia. E é preciso simplicidade! Rezar juntos a oração
do Pai nosso durante as refeições. Isso é possivel e não requer algo de extraordinário.
Recitar juntos o terço em família é bonito, dá tanta força e rezar uns para os outros.
A oração fortifica a família".
A segunda caraterística fundamental
da vida de uma família cristã, disse o Papa, é a família como santuário da fé, o lugar
onde se conserva a fé. Na segunda Carta à Timóteo, o apostolo Paulo afirma ter conservado
a fé. Mas como a conservou, perguntou ainda o Papa Francisco?
"Não num
cofre. Não a escondeu num lugar subterrâneo como fez o servo preguiçoso. S. Paulo
comparou a sua vida àquela de uma batalha e de corrida. Ele conservou a fé porque
não se limitou a defendê-la, mas anunciou-a irradiou-a, levou-a aos confins da terra.
Ele se opos decididamente, de forma vigorosa a todos aqueles que a queriam conservar,
aqueles que queriam imbalsamar a mensagem de Cristo limitando-a aos meros confins
da Palestina. Por isso ele fez opções corajosas, foi para territórios hostís, deixou-se
provocar por todos aqueles que vivivam em lugares longínquos, de culturas diferentes,
falou com franqueza sem medo. S. Paulo conservou a fé porque tal como a recebeu, doou-a,
andando nas periferias e sem nunca permanecer nas posições difensivas".
Daí,
que também a partir deste exemplo de S. Paulo, cada família pode perguntar-se: de
que maneira nós preservamos a nossa fé? A conservamos só para nós, nas nossas famílias
como um bem privado, um conmto bancário ou somos capazes de partilhá-la mediante o
testemunho da nossa vida de acoglimento, de abertura aos outros. Recordando por conseguinte
o frenesím das famílias jovens desta nossa era, o Papa chamou a atenção para o facto
que também nesta corrida pode haver espaço para uma outra corrida, um frenesim
da fé”.
Finalmente, o Papa Francisco salintou como terceira carateristica
da vida da família cristã, a alegria: a família como lugar da vida na alegria. E neste
sentido disse o Papa:
"A verdadeira alegria que se vive na família não
é algo de superficial, não provém das coisas, das circunstâncias mais ou menos favoráveis.
A verdadeira alegria provém da harmonia profunda que reina entre pessoas, aquela alegria
que todos sentem no fundo do seu coração e que os faz viver a beleza de estarem juntos,
ajudarem-se mútuamente no caminho da vida. Mas na base deste sentimento de alegria
profunda está a presença de Deus na família, o seu amor misericordioso, respeitoso
de todos. Só Deus sabe criar a harmonia das diferenças".
Neste sentido
o Papa recordou a todos que quando falta o amor de Deus também a família corre o risco
de perder a harmonia, prevalendo por consiguinte no seio familiar, o inidividualismo
que é sinal do fim da alegria. Por isso é necessário, exortou ainda o Papa, que as
famílias vivam sempre com fé e simpliciodade como a Sagrada Família de Nazaré.
No final da
celebração, o Santo Padre dirigiu-se, em oração, num “olhar de admiração e confiança”,
à Sagrada Família de Nazaré, nela contemplando – disse – “a beleza da comunhão do
amor verdadeiro” e recomendando todas as famílias.
À Família de Nazaré, “atraente
escola do santo Evangelho”, o Papa pediu que a todos ensine uma “sapiente disciplina
espiritual”, dando “o olhar límpido que sabe reconhecer a obra da Providência nas
realidades quotidianas da vida”.
A oração do Papa a Jesus, Maria e José prosseguiu
invocando da Sagrada Família “a estima do silêncio” que torne as famílias “cenáculos
de oração, transformando-as em pequenas Igrejas domésticas, renovando o desejo de
santidade, mantendo a nobre fadiga do trabalho, da educação, da escuta, da compreensão
recíproca e do perdão”.
E concluiu nos seguintes termos:
“Sagrada
Família de Nazaré, restabelece na nossa sociedade a consciência do carácter sagrado
e inviolável da família, bem inestimável e insubstituível. Que cada
família seja morada acolhedora de bondade e de paz para as crianças e para os idosos,
para quem está doente ou sozinho, para quem é pobre e necessitado.
Jesus,
Maria e José, nós vos rezamos confiadamente, a vós nos confiamos
com alegria."
E ainda antes de concluir a celebração com a bênção
final, o Santo Padre dirigiu uma saudação afectuosa a “todos os peregrinos, especialmente
a vós, queridas famílias, vindas de tantos países”…
Saudou também expressamente
os Bispos e fiéis da Guiné Equatorial, vindos a Roma por ocasião da ratificação do
Acordo com a Santa Sé:
“Que a Virgem Imaculada proteja o vosso amado
povo e vos obtenha a graça de progredir no caminho da concórdia e da justiça”
Introduzindo
a recitação da tradicional oração do Angelus, o Papa quis confiar especialmente à
Virgem “as famílias do mundo inteiro, de modo particular as que vivem situações de
maior dificuldade”. E repetiu, por três vezes, com a imensa assembleia presente
na Praça de São Pedro: “Maria, Rainha das Famílias, rogai por nós!”
Já
depois da bênção, o Papa desejou a todos bom domingo e… um bom almoço…