República Centro-Africana: apelo do Arcebispo de Bangui à ONU para a paz no País
"A situação na República Centro- Africana está a piorar de dia para dia" - é o alarme
lançado pelo arcebispo de Bangui e presidente da Caritas local, Dom Dieudonné Nzapalainga.
Próxima segunda-feira , 21 de Outubro, o arcebispo viajará para Genebra , na sede
das Nações Unidas, para um encontro com os diplomatas e organizações humanitárias
em relação à crise daquele País africano. De facto, a partir de Dezembro de 2012,
a República Centro- Africana é palco de uma revolta de grupos rebeldes que tomaram
o poder em 24 de Março num golpe de Estado, depondo o ex-presidente François Bozizé.
Desde então, o ex-chefe da coalizão Seleka, Michel Djotodia, presidente autoproclamado,
e o governo de transição não conseguem restaurar a ordem no imenso território. Segundo
os últimos dados da ONU, 1,6 milhões de centro-africanos, cerca de um terço da população,
precisa de ajuda humanitária urgente, enquanto que mais de 270 mil são deslocados
internos ou refugiados nos países limítrofes. Neste contexto , o arcebispo Nzapalainga
lançará um apelo para reforçar o papel da missão de paz da União Africana , e assim
tentar restabelecer a segurança no País. "As violências perpetradas até agora – sublinha
o prelado – são inumeráveis; foram mortas pessoas, casas foram queimadas, e mulheres
foram sequestradas pelos rebeldes, cujo número passou, do mês de Março até agora,
de 3.500 para 25.000". O arcebispo de Bangui denuncia em seguida o recrutamento de
menores para as fileiras dos rebeldes, enquanto a população se está a organizar com
armas improvisadas para se defender dos ataques. “É um barril de pólvora", explica
Dom Nzapalainga exortando, depois, em nome da Cáritas, a todos os líderes religiosos,
cristãos e muçulmanos, a unir as forças para promover a paz no País. Um ulterior apelo
é lançado à comunidade internacional para que "apoie as operações humanitárias; estabeleça
uma Comissão eleitoral independente para organizar eleições credíveis; investigar
as violências perpetradas e garantir a tutela da população civil".