Papa na Missa: "Deus surpreende-nos; pede-nos fidelidade; é a nossa força". No final,
"entrega confiante" à Senhora de Fátima
Após os intensos
momentos de oração de ontem ao fim da tarde, na Praça de São Pedro (em baixo crónica
de Rui Saraiva), neste domingo de manhã o Papa Francisco presidiu à Missa, que se
concluiu com um “acto de entrega confiante” a Nossa Senhora de Fátima.
Bem-aventurada
Virgem Maria de Fátima, com renovada gratidão pela tua presença materna, unimos a
nossa voz à de todas as gerações que te proclamam bem-aventurada. Celebramos
em ti as grandes obras de Deus, que nunca se cansa de inclinar-se com misericórdia
sobre a humanidade afligida pelo mal e ferida pelo pecado, para a curar e salvar. Acolhe
com benevolência de Mãe o acto de entrega que hoje te fazemo confiadamente… Temos
a certeza de que cada um de nós é precioso aos teus olhos… Acolhe
nos teus braços a nossa vida, abençoa e reforça todos os desejos de bem; aviva
e alimenta a fé; apoia e ilumina a esperança; suscita e anima a caridade, guia
a todos nós no caminho da santidade.
Ensina-nos o teu próprio
amor de predilecção pelos pequenos e pelos pobres, pelos marginalizados e pelos que
sofrem, pelos pecadores e pelos extraviados do coração; Congrega
todos sob a tua protecção e entrega todos ao teu dilecto Filho,
o nosso Senhor Jesus.
Na homilia, o Santo Padre convidou a contemplar
Maria à luz das Leituras da Missa deste domingo, propondo “três realidades: - Deus
surpreende-nos, - Deus pede-nos fidelidade, - Deus é a nossa força”.
Antes
de mais, a surpresa suscitada em Naamã pelo que lhe pedido para ser curado da lepra.
Gestos simples, sem nada de extraordinária.
“Deus surpreende-nos; é
precisamente na pobreza, na fraqueza, na humildade que Ele Se manifesta e nos dá o
seu amor que nos salva, cura e dá força. Pede somente que sigamos a sua palavra e
tenhamos confiança n’Ele. / Esta é a experiência da Virgem Maria.”
A
segunda Leitura, em que São Paulo exorta Timóteo, a perserverar na fidelidade a Cristo,
sugeriu ao Papa o segundo pensamento: Deus pede-nos fidelidade no segui-Lo.
Muitas
vezes é fácil dizer «sim», mas depois não se consegue repetir este «sim» todos os
días. / Maria disse o seu «sim» a Deus, um «sim» que transtornou a sua vida humilde
de Nazaré, mas não foi o único; antes, foi apenas o primeiro de muitos «sins» pronunciados
no seu coração tanto nos momentos felizes, como nos dolorosos… muitos «sins» que culminaram
no «sim» ao pé da Cruz. Último ponto sublinhado pelo Papa: Deus é a nossa
força. Aludindo aos dez leprosos purificados por Jesus, no Evangelho, dos quais um
só voltou a agradecer a cura, o Papa Francisco advertiu: “É preciso saber agradecer,
louvar o Senhor pelo que faz por nós.” Também aqui, Maria é um modelo perfeito.
Visitando a sua prima Isabel, as primeiras palavras que profere são de acção de graças
a Deus:
«A minha alma enaltece o Senhor», o Magnificat, um cântico de
louvor e agradecimento a Deus, não só pelo que fez n’Ela, mas também pela sua acção
em toda a história da salvação. Tudo é dom d’Ele; Ele é a nossa força!
Evocando
a dificuldade que tantas vezes se teme em dizer simplesmente “obrigado”, Papa Francisco,
referindo em particular a vida em familia, propôs “três palabras-chave para a convivencia:
“com licença, desculpa, obrigado: se numa familia se dizem estas três palavras,
a familia caminha em frente. Com licença, desculpa lá, obrigado. Quantas vezes dizemos
obrigado, em familia?” A concluir
o Papa convidou a invocar a “intercessão de Maria, para que nos ajude a deixarmo-nos
surpreender por Deus sem resistências, a sermos-Lhe fiéis todos os diaa, a louvá-Lo
e agradecer-Lhe porque Ele é a nossa força.”
A concluir a celebração, antes
de recitar a tradicional oração de Angelus, o Papa recordou a beatificação, neste
domingo, em Tarragona, Espanha, de uns 500 mártires mortos pela sua fé durante a Guerra
Civil espanhola dos anos 30 do século passado.
Louvemos o Senhor por
estes seus corajosos testemunhas e por sua intercessão supliquemos-Lhe que liberte
o mundo de toda a violência.