2013-10-11 13:06:41

Paquistão: a Lei da blasfêmia


Roma (RV) – No Paquistão, de 1986 a 2011 foram 1081 casos de condenação por blasfêmia, que atingiram cristãos, hindus e outras minorias. Das 38 pessoas mortas por blasfêmia, 14 eram cristãs. Sobre as discriminações contra os cristãos por causa de lei da blasfêmia, pela qual todo aquele que faltar com respeito ao profeta Maomé e ao Alcorão deve ser condenado à morte, falou na tarde desta quinta-feira, 10, em Roma Dom Joseph Coutts, Arcebispo de Karachi e Presidente da Conferência Episcopal paquistanesa, durante um encontro na Pontifícia Universidade de Santa Cruz.

“A lei pode ser utilizada de maneira imprópria – disse Dom Coutts -como instrumento de vingança por motivos pessoais. É muito eficaz especialmente se a pessoa que é acusada é um cristão”. “Quando as emoções dominam as pessoas – disse o arcebispo – a caça ao blasfemo desencadeia verdadeiros massacres, como em Gojra em agosto de 2009. Duas crianças cristãs tinham preparado confetes com páginas de um jornal onde por caso estavam impressos alguns versículos do Alcorão. A multidão enfurecida matou oito pessoas como retaliação. Houve outros casos como esse, antes que as pessoas pudessem comprovar sua inocência”.

Entre as vítimas da lei sobre a blasfêmia, o Arcebispo de Karachi citou o Ministro para as minorias religiosas Shabaz Bhatti, morto em 2011 porque pedia ao Parlamento a modificação da lei. Asia Bibi, a cristã, mãe de cinco filhos presa desde 2009 porque condenada à morte acusada de blasfêmia; o governador do Punjab Salman Taseer, assassinado por fanáticos porque acusado de ser “um péssimo muçulmano” depois de ter ido visitar Asia Bibi no cárcere.

“Existem sempre discriminações contra não os muçulmanos – contou ainda o prelado -, especialmente quando se trata de encontrar um trabalho ou conseguir uma promoção. Nos programas escolares, os não muçulmanos são apresentados sempre de maneira negativa e discriminados. Acontece, muitas vezes, que aos estudantes se dá como tema de redação: convida um teu amigo a se converter ao islã”.

“Apesar de sermos uma minoria, não somos uma igreja escondida e silenciosa – destacou Dom Coutts -. Os muçulmanos de boa vontade, que são a maioria, junto com muitas ONGs, nos apoiam nas dificuldades. Podemos sair à rua e protestar contra as injustiças e a violência: nós trabalhamos ao lado de todas as outras igrejas cristãs. A nossa força é a esperança que está em nós”.

O presidente dos Bispos paquistaneses concluiu agradecendo ao Papa Francisco pelo Dia de Oração e Jejum pela paz na Síria: “Suas palavras foram de grande incentivo. Precisamos trabalhar juntos para sermos homens de paz. Espero que os cristãos possam ser testemunhas de esperança, paz e reconciliação num mundo cada vez mais intolerante e violento”, concluiu Dom Coutts. (SP)







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