Rep. Centro-Africana: apelo da Igreja pelo fim da violência
Bangui (RV) – Acabar com a indiferença: este o objetivo do Apelo de Bangui,
assinado pela Igreja Católica e Igrejas evangélicas da República Centro-Africana.
A mensagem é dirigida, primeiramente, aos cristãos, para favorecer a coabitação com
os muçulmanos: “os vários grupos religiosos, que viveram pacificamente durante séculos,
querem continuar a levar a paz ao nosso país”.
O documento manifesta também
a esperança de “uma intervenção da comunidade internacional, para garantir a segurança
na capital e no interior do país”. Em várias áreas continuam a se registrar violências
e mortes. Em muitas localidades se formaram grupos e comitês de autodefesa para contrastar
os abusos dos homens de Seleka, as milícias que apoiam o governo que assumiu o poder
em março último, após o golpe de estado.
Em meados de setembro uma delegação
liderada pelo Arcebispo de Bangui, Dom Dieudonné Nzapalainga, realizou uma missão
no norte do país: “a situação continua sendo caótica entre Bossangoa e Bouca”, denuncia
o relatório preparado pelo grupo e publicado no início desta semana. O arcebispo lançou
um apelo ao governo: “assuma suas responsabilidades em relação ao respeito dos direitos
humanos e garanta o livre movimento em todo o território nacional”.
Apesar
dos compromissos assumidos pelos membros do Seleka e dos líderes religiosos, a situação
na área de Bossangoa continua crítica. Durante a presença da delegação liderada por
Dom Nzapalainga houve violências e mortes. No relatório os integrantes da missão apontam
uma longa lista de doze localidades abandonadas. “Na última, Ndow Kette, mais de cinquenta
casas foram queimadas”. O objetivo da viagem era encontrar a população civil para
promover o diálogo, também com as autoridades. Entre encontros, conversas e celebrações,
a delegação registrou também que os “muitos atos de violência cometidos contra os
não islâmicos criam tensões comunitárias cada vez mais fortes, que notamos em todas
as cidades e localidades por onde passamos. Graças a Deus, os líderes religiosos trabalham
sem descanso para acalmar as tensões”.
Faltam remédios, muitos postos de saúde,
farmácias e hospitais foram saqueados. Em algumas áreas as pessoas já passam fome,
os estoques de alimentos estão diminuindo, enquanto nas áreas rurais as colheitas
e o gado estão sendo continuamente alvo de pilhagens e as mulheres já não podem ir
até às lavouras onde sempre trabalharam porque o perigo é muito grande.
A
delegação liderada pelo Arcebispo de Bangui foi acompanhada em toda a viagem por uma
consistente patrulha de soldados da Força multinacional na República Centro-Africana.
(SP)