Cardeal Maradiaga: o Papa Francisco testemunha que a autoridade é um serviço de amor
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco quer uma Igreja que saia pelo mundo
para anunciar com coragem a Boa Nova. Foi o que ressaltou o arcebispo de Tegucigalpa,
Honduras, Cardeal Andrés Rodríguez Maradiaga, na apresentação do livro "O Papa próximo",
de autoria do Pe. Michele Giulio Masciarelli, publicado pela Tau Editora. A apresentação
teve lugar esta segunda-feira na Sala Marconi da nossa emissora.
Caráter sinodal.
Essa é a palavra-chave para compreender a reforma que o Papa Francisco quer dar ao
governo da Igreja. O purpurado hondurenho, coordenador do "Conselho de cardeais" –
que se reuniu dias atrás no Vaticano com o Papa –, ressaltou como Francisco concebe
a autoridade.
A esse propósito, eis algumas considerações do Cardeal Maradiaga
sobre a reforma do governo da Igreja.
"Para se ter autoridade não é necessário
nenhum centralismo. A autoridade é um serviço de amor para fazer crescer. Desse modo,
a autoridade do Santo Padre na Igreja não é a monarquia absoluta, um 'aqui mando eu'.
É um autor: um autor que a cada dia escreve uma nova página deste livro da vida e
vai acrescentando, página por página, uma Igreja que está viva."
Em seguida,
o arcebispo de Tegucigalpa observou que o encontro de dias atrás foi somente o primeiro
do "Conselho de cardeais", ao qual se seguirá outro em dezembro. Há muito ainda a
ser feito, acrescentou, confirmando, todavia, o método de trabalho, querido pelo Papa
em vista da reforma da Cúria:
"O método é uma sondagem o mais ampla possível,
com todos os cardeais, bispos, sacerdotes e também leigos, em todos os lugares, para
se ter o maior número possível de contribuições para uma nova reforma."
O
Cardeal Maradiaga recordou a importância da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano
e do Caribe, realizada em maio de 2007 em Aparecida, SP, na qual o então Cardeal Bergoglio
ressaltara a urgência de uma Igreja que não tivesse medo de sair de si mesma para
vencer a tentação de uma cansada postura de autorreferência. Respondendo às perguntas
dos jornalistas, o presidente da Caritas Internacional deteve-se, em seguida, sobre
o tema da colegialidade nos anos do pós- Concílio:
"Talvez não se tenha
tido a oportunidade de desenvolvê-la pelo fato de haver interesses em outros pontos,
como, por exemplo, a reforma litúrgica... como também todo o aspecto da pastoral social....
De fato, havia muitas coisas. Mas agora se pensa que tenha chegado o momento."
(RL)