Tragédia de Lampedusa: centenas de mortos. Luto nacional em Itália. Papa em Assis:
"dia de choro"
Uma tragédia da imigração sem precedentes abalou quinta-feira a ilha de Lampedusa,
onde se contam centenas, entre mortos e desaparecidos, vítimas de um naufrágio, provavelmente
causado por um incêndio provocado a bordo pelos próprios refugiados que tentavam assim
fazer-se notar e resgatar, a poucos quilómetros da costa. 127 os corpos até agora
recuperados, incluindo os de uma mulher grávida e de quatro crianças, mas a triste
contagem é destinada a subir. De facto, são vários os corpos identificados sob os
destroços.
Cerca de 150 os sobreviventes resgatados, mas segundo os seus testemunhos
na embarcação havia pelo menos 500 pessoas, todas da África subsaariana, sobretudo
Eritreia e Somália. Mais de 250 refugiados, portanto, faltariam ao apelo. A Guarda
Costeira italiana, a polícia, a Guarda de Finanças, mas também dezenas de pescadores
lampedusanos continuam a procurá-los num mar "cheio de cadáveres", como disse o prefeito,
Giusy Nicolini que, comovida e perturbada, afirmou: "é um horror infinito, agora
basta, o que devemos ainda esperar depois disto?".
O presidente da República
Napolitano disse à Rádio Vaticano que era necessário antes de tudo reagir e agir e
que não havia palavras suficientemente fortes para descrever também o nosso sentimento
diante desta tragédia, que é uma autêntica vergonha e horror.
De facto, durante
a audiência com os participantes da Conferência comemorativa dos 50 anos da ‘Pacem
in Terris’ de João XXIII, o Papa Francisco havia afirmado, improvisando, a propósito
do naufrágio de Lampedusa: "a palavra que me vem é vergonha: é uma vergonha! Falando
de paz, falando da desumana crise económica mundial, grave sintoma da falta de respeito
pelo homem, não posso não recordar com grande tristeza as numerosas vítimas de mais
um trágico naufrágio que nesta quinta-feira aconteceu ao largo da costa de Lampedusa".
E em seguida o Papa convidou aos presentes a rezar por aqueles que perderam as suas
vidas: homens, mulheres, crianças, pelos seus familiares e por todos os refugiados,
e também a unir os esforços para que tais tragédias não se repitam.
O presidente
da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, reafirmou a vontade do executivo da UE
de fazer todos os esforços para evitar que tais tragédias se repitam, tragédias que
"sem dúvida, dizem respeito a toda a UE". "A Comissão apoia os esforços para aumentar
os recursos da Frontex", disse ainda Barroso, enquanto que o Conselho da Europa enfatizou
num Comunicado que "os países do Conselho da Europa e da União Europeia deve mostrar
uma maior solidariedade com a Itália e os outros" na linha da frente das chegadas
de imigrantes irregulares