O católico como povo: uma maior autonomia que se expressa fundamentalmente na piedade
popular
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o quadro "Nova Evangelização e Concílio Vaticano
II" de hoje parte do tema desenvolvido na edição passada, na qual perguntamos ao bispo
da Diocese de São Raimundo Nonato, Dom João Santos Cardoso, a seu ver, "quais desafios
propostos pelo Concílio Vaticano II não foram suficientemente ou devidamente colocados
em prática ao longo deste meio século de caminhada e que agora devem ser retomados
com maior atenção".
O bispo da diocese piauiense destacou, entre outros, que
"devemos retomar as conseqüências práticas da noção da Igreja como povo de Deus. Apesar
de essa noção e de essa teologia ser muito clara no Concílio Vaticano II – disse ele
– ainda, o hábito nosso e o ranço do clericalismo é muito grande, na medida que há
uma grande centralização em torno do ministério ordenado (...) Penso que temos que
dar grande avanço aqui na compreensão também na forma como o ministério ordenado deve
ser exercido no contexto em que vivemos, não para sufocar os diversos carismas que
existem na Igreja, mas justamente para poder favorecê-los, para fazer justamente com
que eles possam florescer".
A esse propósito, no discurso que fez em 28 de
julho passado no Rio de Janeiro aos bispos responsáveis do Conselho Episcopal Latino-Americano
(CELAM) por ocasião de sua reunião geral de coordenação, o Papa Francisco, identificando
algumas tentações contra o discipulado missionário, mencionou justamente o clericalismo
como algumas das atitudes que configuram uma Igreja "tentada", afirmando ser "também
o clericalismo uma tentação muito atual na América Latina", que tal fenômeno "explica,
em grande parte, a falta de maturidade e de liberdade cristã em boa parte do laicato
da América Latina.
Porém, o Santo Padre afirma também que "em nossas terras
existe uma forma de liberdade laical através de experiências de povo: o católico como
povo. Aqui vê-se – observa – uma maior autonomia, geralmente sadia, que se expressa
fundamentalmente na piedade popular".
Concluindo a sua participação, Dom João
nos fala sobre a forte expressão da piedade popular na realidade eclesial do Piauí.
Vamos ouvir: (RL)