2013-09-30 20:24:50

No discurso do Papa aos bispos do Celam, alguns critérios eclesiológicos


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o quadro "O Brasil na Missão Continental" conclui, nesta edição, o monumental discurso que o Papa Francisco dirigiu em 28 de julho passado, no Rio de Janeiro, aos bispos responsáveis do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), por ocasião de sua Reunião Geral de Coordenação.

De fato, considerando que a Missão Continental é o objeto deste nosso quadro, e a riqueza e a pertinência deste discurso do Papa, não poderíamos deixar revisitá-lo repropondo-o de acordo com o espaço semanal de que dispomos.

Vale ressaltar que o discurso é dividido em cinco pontos. Na edição passada concluímos o ponto quatro (Algumas tentações contra o discipulado missionário) e iniciamos o ponto cinco (Alguns critérios eclesiológicos). Dividido em quatro partes, trouxemos as duas primeiras. Hoje trazemos as duas últimas, concluindo assim – como dissemos – o discurso do Papa aos bispos responsáveis do Celam. Passemos, então, às partes 3 e 4 do ponto cinco.

5. Alguns critérios eclesiológicos

3. "Em Aparecida, verificam-se de forma relevante duas categorias pastorais, que surgem da própria originalidade do Evangelho e nos podem também servir de critério para avaliar o modo como vivemos eclesialmente o discipulado missionário: a proximidade e o encontro. Nenhuma das duas é nova, mas constituem a modalidade em que Deus se revelou na história. É o “Deus próximo” do seu povo, proximidade que atinge o ponto máximo na encarnação. É o Deus que sai ao encontro do seu povo. Na América Latina e no Caribe, existem pastorais “distantes”, pastorais disciplinares que privilegiam os princípios, as condutas, os procedimentos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem ternura, nem carinho. Ignora-se a "revolução da ternura", que provocou a encarnação do Verbo. Há pastorais estruturadas com tal dose de distância que são incapazes de atingir o encontro: encontro com Jesus Cristo, encontro com os irmãos. Deste tipo de pastoral podemos, no máximo, esperar uma dimensão de proselitismo, mas nunca levam a alcançar a inserção nem a pertença eclesiais. A proximidade cria comunhão e pertença, torna possível o encontro. A proximidade toma forma de diálogo e cria uma cultura do encontro. Uma pedra de toque para aferir a proximidade e a capacidade de encontro de uma pastoral é a homilia. Como são as nossas homilias? Estão próximas do exemplo de Nosso Senhor, que “falava como quem tem autoridade”, ou são meramente perceptivas, distantes, abstratas?"

4. "Quem guia a pastoral, a Missão Continental (seja programática seja paradigmática), é o Bispo. Ele deve guiar, que não é o mesmo que dominar. Além de assinalar as grandes figuras do episcopado latino-americano que todos nós conhecemos, desejo acrescentar aqui algumas linhas sobre o perfil do Bispo, que já disse aos Núncios na reunião que tivemos em Roma. Os Bispos devem ser Pastores, próximos das pessoas, pais e irmãos, com grande mansidão: pacientes e misericordiosos. Homens que amem a pobreza, quer a pobreza interior como liberdade diante do Senhor, quer a pobreza exterior como simplicidade e austeridade de vida. Homens que não tenham “psicologia de príncipes”. Homens que não sejam ambiciosos e que sejam esposos de uma Igreja sem viver na expectativa de outra. Homens capazes de vigiar sobre o rebanho que lhes foi confiado e cuidando de tudo aquilo que o mantém unido: vigiar sobre o seu povo, atento a eventuais perigos que o ameacem, mas sobretudo para fazer crescer a esperança: que haja sol e luz nos corações. Homens capazes de sustentar com amor e paciência os passos de Deus em seu povo. E o lugar do Bispo para estar com o seu povo é triplo: ou à frente para indicar o caminho, ou no meio para mantê-lo unido e neutralizar as debandadas, ou então atrás para evitar que alguém se atrase mas também, e fundamentalmente, porque o próprio rebanho tem o seu faro para encontrar novos caminhos.
Não quero juntar mais detalhes sobre a pessoa do Bispo, mas simplesmente acrescentar, incluindo-me a mim mesmo nesta afirmação, que estamos um pouco atrasados no que refere-se à Conversão Pastoral. Convém que nos ajudemos um pouco mais a dar os passos que o Senhor quer que cumpramos neste “hoje” da América Latina e do Caribe. E seria bom começar daqui.

Agradeço-lhes a paciência de me terem escutado. Desculpem a desordem do discurso e lhes peço, por favor, para tomarmos a sério a nossa vocação de servidores do povo santo e fiel de Deus, porque é nisso mesmo que se exerce e mostra a autoridade: na capacidade de serviço. Muito obrigado!"

Amigo ouvinte, um forte abraço e até a semana que vem, se Deus quiser, com o nosso quadro "O Brasil na Missão Continental". Até lá! (RL)







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