Cidade do Vaticano (RV) - Um dos temas que mais
chama a atenção da mídia internacional quando o Papa Francisco evidencia as preocupações
do homem contemporâneo é a questão da crise econômica, do desemprego, da falta de
dignidade que essa condição faz padecer uma família. E mais uma vez no último domingo
em Cagliari o Santo Padre não se furtou em tocar esse tema que diz respeito a milhões
de pessoas, não só aos habitantes da bela ilha da Sardenha, mas a homens e mulheres
em todos os cantos do planeta. Uma reflexão que tem vários destinatários: os governantes,
os homens das finanças, os empresários, os empregados e os desempregados e a própria
Igreja. A todos uma palavra de orientação e conforto.
"Perdoem-me por estas
duras palavras, mas onde não há trabalho falta a dignidade", exclamou o Papa. Abandonando
o discurso preparado, Francisco contou os sofrimentos de sua família, que emigrou
para a Argentina no início do século.
O Santo Padre contestou o sistema econômico
em vigor no mundo que tem como "ídolo o dinheiro", durante um comovente encontro com
desempregados e empresários afetados pela grave crise econômica que atinge a Itália.
"Vamos lutar todos juntos contra o ídolo dinheiro, contra um sistema sem ética, injusto,
no qual o dinheiro manda, afirmou, arrancando aplausos e lágrimas dos presentes.
Francisco
pediu uma solução para a situação de crise econômica e desemprego que se vive em vários
países, um “desafio histórico”, apelando ao respeito pelo trabalhador, acrescentando
que não é só uma crise econômica, mas também uma crise ética, espiritual e humana.
Fruto de uma escolha mundial, de um sistema econômico que leva a esta tragédia. A
crise econômica vivida em muitos países gera nas pessoas que perdem o trabalho “sofrimento”,
porque priva a pessoa de sua dignidade.
Francisco voltou a manifestar preocupações
com a “eutanásia escondida” dos mais velhos e pela falta de trabalho para os jovens.
Com palavras inequivocáveis destacou que em um mundo onde as jovens gerações
não conseguem um emprego o futuro está comprometido, “porque eles não têm dignidade”.
E com o olhar para aqueles que têm poder de decisão e que podem atuar mudanças na
nossa sociedade, chamou a atenção para a necessidade de colocar novamente no centro
da reposta política e econômica “a pessoa e o trabalho”, com “solidariedade e inteligência”.
Uma constatação feita pelo Papa que nos leva a refletir sobre como estamos
vivendo com o nosso próximo os momentos de crise econômica; sim porque quando há uma
crise e a necessidade é grande, aumenta o trabalho desumano, o trabalho escravo, o
trabalho sem a justa segurança, a exploração do outro.
É preciso que todos
colaborem e que os responsáveis das instituições, também as da Igreja, se empenhem
para assegurar às pessoas e às famílias os direitos fundamentais. É preciso assegurar
o direito ao trabalho, o direito de um pai de família levar o pão para casa, o pão
ganho com o trabalho.
A resposta justa à crise econômica e financeira atual
é olhar para a realidade, conhecê-la bem, entendê-la, e buscar juntos os caminhos
com o método da colaboração e do diálogo, vivendo a proximidade para levar esperança.
Jamais deixar de lado a esperança, pois a esperança é “criativa e é capaz de criar
futuro”.
Uma sociedade aberta à esperança não se fecha em si mesma, na defesa
do interesse de poucos, mas olha para frente, na perspectiva do bem comum, e isso
requer da parte de todos responsabilidade. Este é o momento de fazer crescer uma sociedade
mais fraterna e solidária. (Silvonei José)