“A lista de Bergoglio” – um livro sobre as pessoas salvas pelo Papa Francisco durante
a ditadura militar na Argentina
“A lista de
Bergoglio” é um livro escrito pelo jornalista italiano Nello Scavo, do jornal ‘Avvenire’,
que relata ao longo de 192 páginas o testemunho de dezenas de perseguidos políticos
pela ditadura argentina salvos pelo Padre Jorge Mario Bergoglio. O livro – com prefácio
escrito pelo Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel - será lançado a 4 de outubro pela
Editora Emi. Após o golpe de 24 de março de 1976 na Argentina os números da violência
da ditadura militar falam por si: cerca de 30 mil desaparecidos, mais de 15 mil fuzilados,
500 recém-nascidos retirados às suas mães que foram condenadas à morte pelo regime
militar e mais de 2 milhões de exilados. São estes os números trágicos da ditadura
da Junta Militar liderada pelo General Videla. É neste ambiente que o jornalista Nello
Scavo nos conta as numerosas histórias recolhidas em forma de testemunhos sobre a
ação do então padre Jorge Bergoglio. A Rádio Vaticano ouviu o autor deste livro…
“É
difícil fazer uma estimativa precisa, sobretudo porque o padre Bergoglio sobre isto
nunca quis falar. Nós recolhemos uma vintena de testemunhos todos em períodos diferentes
entre si, de pessoas que não se conhecem e que conheceram Bergoglio em épocas diferentes.
Cada uma destas pessoas, por sua vez, diz-se testemunha de, pelo menos, vinte salvamentos.
Prudentemente, podemos afirmar que são mais de cem as pessoas que o padre Jorge Mário
Bergoglio salvou naquele tempo. Depois há os que foram salvos indiretamente porque
conseguindo evitar a prisão e a tortura a estes jovens evitou-se que não fossem ditos
outros nomes durante os violentos interrogatórios a que eram submetidos todos os que
acabavam debaixo da alçada da ditadura.”
Dos vários testemunhos
recolhidos pelo jornalista Nello Scavo, está o do jesuíta Juan Carlos Scannone, hoje
com 81 anos, considerado o maior teólogo argentino. Segundo ele, nunca se falou sobre
o trabalho de Bergoglio em favor dos perseguidos, para não parecer que estivessem
“a tentar manipular os factos dos anos da ditadura”. De entre os muitos que o padre
Bergoglio salvou da ditadura militar estão, por exemplo, sindicalistas, sacerdotes,
estudantes e intelectuais, fossem eles crentes ou não. (RS)