Chile: Igreja pede "verdade, justiça e reconciliação" para reunir novamente os chilenos
Santiago do Chile (RV) - A Igreja Católica defendeu nesta quarta-feira, em
meio às comemorações pela festa da pátria no Chile, "Verdade, justiça e reconciliação",
como base para o reencontro dos chilenos, 40 anos após o golpe militar que, em 1973,
rompeu com a democracia no país sul-americano.
"Não existe futuro sem memória,
o presente nos brinda com a oportunidade de lamentarmos as nossas divergências e o
passado recente”, afirmou o Arcebispo de Santiago, Dom Ricardo Ezzati, durante o Te
Deum ecumênico realizado na Catedral de Santiago.
Na cerimônia, tradicional
nesta data, participaram cerca de 3.500 convidados, entre os quais o Presidente
Sebastián Piñera, autoridades governamentais, do Legislativo, do poder Judiciário
e do Corpo Diplomático .
A cerimônia foi oferecida, além de Ezzati, por dignitários
de várias crenças religiosas, que concordaram em pedir paz e progresso para o Chile,
que hoje celebra o 203º aniversário do processo que levou o país à independência,
no início do século XIX.
Dom Ezzati concentrou sua pregação na reconstrução
do democracia, uma tarefa ainda em aberto há 40 anos do golpe militar, destacando
que "a verdade , a justiça e a reconciliação são o caminho que propomos para uma vida
digna e uma convivência humanizadora".
"Mais do que nunca, seguimos acreditando
neste caminho, mais além das dificuldades que se colocam”, acrescentou o prelado,
que respaldou a necessidade de se realizar grandes reformas: "Existem sinais de que
nossas roupagens institucionais nos mantém limitados. Os cidadãos pedem profundas
mudanças e reformas", reiterou ele. "Que Deus nos ajude a superar as discriminações,
para que se enraízem na sociedade humana, a igualdade e a justiça", afirmou.
Para
o Arcebispo, a sociedade chilena enfrenta "uma crise cultural e espiritual, alimentada
pelo individualismo de pessoas e grupos que não nos pode deixar indiferentes". "O
Chile é uma mesa para todos” - observou ele - admitindo que "a desigualdade econômica
e de oportunidade parece ser um mal endêmico, difícil de corrigir”.
Dom Ezzati
citou então o Papa Francisco, afirmando que "o futuro exige hoje a tarefa de reabilitar
a política e fazer uma visão humanista da economia”, palavras estas compartilhadas
pelos presentes, segundo afirmaram ao término da cerimônia. (JE)