Documento de Bispos cubanos defende reformas políticas e diálogo para reconciliação
nacional
Havana (RV) – “As esperanças de um futuro melhor incluem também uma nova ordem
política”. É o que se lê na carta Pastoral dos Bispos Cubanos intitulada “A esperança
não desilude”, que convida o governo do Presidente Raul Castro a realizar reformas
políticas democráticas para acompanhar as mudanças econômicas que abriram espaço à
iniciativa privada. Há 20 anos que a Igreja em Cuba não manifestava-se assim diretamente
sobre algum tema na Ilha.
Na mensagem, a Conferência Episcopal Cubana, defende
que “como aconteceu no caso da economia, acreditamos ser imprescindível na nossa realidade
cubana uma atualização também na legislação nacional no que diz respeito à ordem política”.
A
Conferência Episcopal, presidida pelo Bispo de Santiago de Cuba, Dom Dionisio Garcia,
evidencia que “Cuba é chamada a ser uma sociedade pluralista, a soma de tantas realidades
cubanas”, porque “Cuba é a nação de todos os cubanos, com as suas diferenças e aspirações”.
“Deve
existir o direito à diversidade em relação ao pensamento, à criatividade, à busca
da verdade. Da diversidade nasce a necessidade de diálogo”, afirmam os Bispos, defendendo
o diálogo também para favorecer “a reconciliação nacional”.
A visita do Papa,
a devoção a Nossa Senhora ‘Mãe de El Cobre’, bem comum e liberdade como fonte de esperança,
são temas que introduzem o documento de 43 pontos, que convida a uma série de reflexões
cristãs. “As mudanças encorajam a esperança do nosso povo”, sublinham os Bispos referindo-se
à história recente, motivando assim os seus pedidos às autoridades.
A Igreja
Católica, que nos anos precedentes tinha relações muito tensas com Fidel Castro, tornou-se
agora interlocutora do governo da Ilha, desde que o Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime
Ortega e o presidente Raul Castro, iniciaram em 2010, um diálogo sem precedentes,
o que levou à libertação de 130 prisioneiros políticos.
Os Bispos também pedem
ao Presidente Raul Castro para “encorajar iniciativas de diálogo” com os Estados Unidos,
com quem não mantém relações diplomáticas e cujo país mantém o embargo econômico na
ilha há mais de 50 anos.
A Carta, assinada por 13 Bispos da Conferência Episcopal,
é dirigida também ao jovens e às famílias, definidos como ‘esperanças da Pátria e
da Igreja’. (JE)