Roma (RV) – O jornal italiano "La Repubblica" publicou nesta quarta-feira uma
longa carta do Papa Francisco na qual ele escreve aos que não crêem e lhes assegura
que "Deus perdoa a quem obedece a sua própria consciência".
A carta de quatro
páginas é uma resposta ao fundador do jornal, Eugenio Scalfari, que em vários artigos
dirigia ao Pontífice algumas perguntas em nome daquele que como ele "não acreditam
e não buscam a Deus".
“Devemos levar em consideração – e isso é algo fundamental
- que a misericórdia de Deus não tem limites se nos dirigimos a Ele com o coração
sincero e arrependido, a questão para quem não crê em Deus está em obedecer a sua
própria consciência", responde assim Papa Francisco à pergunta de Scalfari sobre se
o Deus dos cristãos perdoa a quem não crê. “O pecado, também para quem não tem fé,
existe quando se vai contra a consciência”.
"Escutar e obedecer (à consciência)
- explica Jorge Bergoglio - significa decidir diante do que se percebe como bem ou
como mal. E sobre essa decisão está a bondade ou a maldade das nossas ações".
Sobre
o tema da fé e laicidade que lhe havia proposto Scalfari, o Papa Francisco assegura
que "chegou a hora de um diálogo aberto e sem preconceitos que reabra as portas para
um sério e fecundo encontro".
O papa argentino responde a outros temas apresentados
por Scalfari como se "é pecado ou um erro" crer que não existe "um absoluto" e sobre
isso expressa que tão pouco para quem crê se possa falar de "verdade absoluta", pois
"a verdade, segundo a fé cristã, é o amor de Deus por nós Jesus Cristo e portanto
a verdade é uma relação".
"Cada um recebe a verdad e a expressa a partir de
si mesmo, de sua historia, de sua cultura e da situação em que vive", acrescenta.
Sobre si "com o desaparecimento do homem da terra, desaparecerá também o "pensamento
capaz de pensar em Deus", Francisco responde que "a grandeza do homem é poder pensar
em Deus", porém que "Deus não depende de nosso pensamento" e quando terminará a vida
do homem sobre a terra "o homem não terminará de existir e, em um modo que não sabemos,
tão pouco o universo criado com ele".
O Papa explica que "sem a Igreja" nunca
teria encontrado Jesus e acrescenta que "o imenso dom da fé está conservado em recipientes
de argila da nossa humanidade".
Bergoglio também fez referência aos "irmãos
judeus" a quem assegura "eles conservaram sua fé em Deus e por isso nunca lhes será
suficientemente agradecidos como Igreja e como humanidade".
O Papa Francisco
termina sua carta assegurando que "a Igreja, apesar de toda sua lentidão, das infidelidades,
dos erros e dos pecados que possa ter cometido, e que pode, todavia, cometer através
daqueles que a compõem, não tem outro sentido que o de viver e dar testemunho de Jesus”.
(SP)