Paz nos corações - Editorial do director da CTV, D. Dário Viganó
“Queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta
nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, exploda a paz; nunca mais a
guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido
e tutelado”: é o grito do Papa Francisco que chama toda a Igreja e, “da forma que
considerarem mais oportuna os irmãos cristãos não católicos, os pertencentes a outras
religiões e os homens de boa vontade” para uma jornada de jejum e de oração pela paz.
A paz, sabemos, não se reduz à essência da guerra, mas “se constrói – dizia
Paulo VI na Populorum Progressio – dia por dia, na procura de uma ordem querida por
Deus e que comporta uma justiça mais perfeita entre os homens”. Palavra que fazem
eco às de Pio XII “Nada é perdido com a paz. Tudo pode ser perdido com a guerra” e
às do Papa João XXIII que na Pacem in Terris confiava a todos os homens de boa vontade
“a tarefa de recoser as relações de convivência na verdade, na justiça, no amor, na
liberdade”.
A paz que invocamos para o mundo inteiro não pode concretizar-se
senão partindo, antes de mais, de cada um de nós, da decisão pessoal de viver a nossa
humanidade na transparência do Evangelho. A paz não poderá nascer se a nossa vida
estiver enraizada no pecado, se as nossas relações pessoais e concretas com as pessoas
com as quais passamos o tempo livre, de trabalho, forem marcadas pela inveja e pelo
ciúmes que produz mentira, calúnia, suspeita. Recorda-nos o salmo: “Com a boca abençoam,
mas no seu coração maldizem”. Não é possível invocar a paz quando a tua língua está
empenhada em maldizeres. A paz pode nascer quando a nossa oração emerge do coração
redimido, do coração que gozou da misericórdia do papa e por isso é capaz de misericórdia
e de perdão. A paz não é argumento para os moralistas, mas sim para os discípulos
do Mestre; Jesus chama a nossa atenção quando diz em relação aos chefes religiosos,
: “Praticai e observai tudo quanto vos dizem, mas não agis segundo as suas acções,
porque dizem, mas não fazem. Atam, com efeito, fardos pesados e difíceis de carregar
e põem-nos sobre os ombros das pessoas, mas não os querem mexer nem sequer com um
dedo”.