2013-09-07 10:16:07

Arcebispo Mamberti: Não há solução militar para o conflito na Síria. Com violência só haverá derrotados


RealAudioMP3 A diplomacia vaticana encontra-se a todo o vapor para cessar a guerra na Síria e evitar uma intervenção armada externa, o que alargaria o conflito e agravaria os sofrimentos da população envolvida. Nesse sentido, todos os embaixadores junto da Santa Sé foram convocados para a encontro nesta quinta-feira no Vaticano com o Secretário das Relações com os Estados, D. Dominique Mamberti. A Rádio Vaticano entrevistou o arcebispo sobre o encontro com os referidos diplomatas:
"Este encontro foi outra expressão da solicitude do Santo Padre e da Santa Sé pela paz no mundo e, em particular, naturalmente, acerca da situação na Síria, na esteira do comovente pronunciamento do Papa no Angelus de domingo passado. O longo conflito sírio já provocou demasiadas vítimas e sofrimentos e a situação humanitária adquiriu dimensões verdadeiramente intoleráveis. E é por isso que se tornou mais do que nunca necessário o Dia de jejum e oração convocado pelo Santo Padre, inclusive para recordar a todos que a paz, em primeiro lugar, é um dom de Deus, e que esse dom deve ser pedido e acolhido com coração humilde e aberto. Para além da oração, é necessário um renovado esforço diplomático, conforme ao lugar que a Santa Sé ocupa na comunidade internacional. E nesse encontro com os embaixadores reiterei o que o Santo Padre exortou, ou seja, o apelo às partes a não se fecharem nos seus interesses, mas a deixar de lado a violência e tomar com coragem o caminho do encontro e da negociação.
“Pedimos à comunidade internacional que fizesse todo o esforço para promover, sem mais tardar, iniciativas claras em favor da paz, sempre baseadas no diálogo e na negociação. É óbvio que não há uma solução militar para o conflito: se a violência continua, não se terá vencedores, mas somente derrotados, como dizia o Papa Bento XVI no discurso do mês de Janeiro ao Corpo diplomático."
O arcebispo Mamberti referiu-se também à situação dos cristãos na Síria:
"Obviamente, a situação é muito difícil para todas as comunidades na Síria, no sentido que a violência não poupa ninguém. Todavia, sendo a comunidade cristã uma minoria no país, é particularmente vulnerável e são muitos os cristãos que tiveram que abandonar as suas casas. Muitos deles deixaram o país. Os cristãos são vítimas da violência cega: gostaria de recordar o assassinato de Pe. François Mourad e o sequestro de numerosos cristãos, entre eles dois bispos ortodoxos e alguns sacerdotes católicos, dos quais não se têm notícias. Além do mais, muitas igrejas e instituições cristãs sofreram destruições e grandes danos. Porém, os cristãos não podem e não devem perder a esperança: eles estão presentes na Síria desde o início da difusão do cristianismo e querem continuar fazendo parte do conjunto social, político e cultural do país e contribuir para o bem comum das comunidades das quais fazem plenamente parte, sendo artífices de paz e reconciliação e carregando com eles aqueles valores que podem fazer a sociedade evoluir rumo a um maior respeito pelos direitos e dignidade das pessoas. Além disso, gostaria de ressaltar, a Igreja Católica, bem como as outras Igrejas e comunidades cristã, que está empenhada na linha de frente com todos os meios de que dispõe na assistência humanitária à população cristã e não-cristã."








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