"Não devemos ser cristãos de etiqueta. Mas cristãos de verdade, de coração", disse
o Papa no Angelus ao refletir sobre a 'porta estreita'
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recitou a Oração mariana do Angelus
neste domingo, 25 de agosto, desde a janela do apartamento Pontifício, diante de milhares
de fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro. Antes de lançar um novo apelo pela
paz na Síria, o Santo Padre falou sobre a salvação eterna e o convite de Jesus para
passarmos pela porta estreita.
“Esforçai-vos para entrar pela porta estreita”,
respondeu Jesus a alguém que lhe interpelou no caminho para Jerusalém sobre quantos
seriam salvos. “O Senhor – observou o Papa – indica assim qual é o caminho da salvação.
Mas qual é a porta que devemos entrar?”.
O Papa explicou que a imagem da porta
aparece várias vezes no Evangelho “e evoca aquela da casa, do lar doméstico, onde
encontramos segurança, amor, calor. Jesus nos diz que existe uma porta que nos faz
entrar para a família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele.
“Esta
porta é o próprio Jesus. Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos
conduz ao Pai. E a porta, que é Jesus, nunca está fechada, está sempre aberta a todos,
sem distinção, sem exclusão, sem privilégios. Porque vocês sabem, Jesus não exclui
ninguém. Alguém entre vocês poderia me dizer: ‘Mas, Padre, eu sou excluído porque
sou um grande pecador: fiz coisas erradas, fiz tantas coisas erradas, na vida...’.
Não. Você não está excluído” Precisamente por isto és o preferido, porque Jesus prefere
o pecador, sempre. Para perdoá-lo, para amá-lo...Jesus está te esperando para abraçar-te,
para perdoar-te..Não tenha medo. Ele te espera. Tenha ânimo, tenha coragem para entrar
na sua porta”.
“Todos – acrescentou o Papa - são convidados a passar por
esta porta, passar pela porta da fé, entrar na sua vida e deixá-Lo entrar na nossa
vida, para que a transforme, renove, dê a ela alegria plena e duradoura”.
Após,
Francisco observou que “passamos diante de tantas portas que nos convidam a entrar
e prometem uma felicidade que dura um instante, se esgota em si mesma e não tem futuro”.
E exortou:
“Gostaria de dizer com força: não tenhamos medo de passar pela
porta da fé em Jesus, de deixá-lo entrar sempre mais na nossa vida, de sairmos dos
nossos egoísmos, dos nossos fechamentos, das nossas indiferenças em relação aos outros.
Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que não se apaga nunca. Não é um fogo
de artifício, não é um flash, não! É uma luz tranqüila que dura para sempre e nos
dá paz. Assim é a luz que encontramos se entramos pela porta de Jesus”.
O
Papa explica então, que “a porta de Jesus é uma porta estreita, não porque seja uma
sala de tortura, mas porque exige abrir o nosso coração a Ele, reconhecermo-nos pecadores,
necessitados de sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter a humildade em acolher
a sua misericórdia e de nos deixar renovar por Ele”, e recorda que “Jesus no Evangelho
nos diz que ser cristão não é ter uma ‘etiqueta’”:
“E eu pergunto a vocês:
vocês são cristãos de etiqueta ou de verdade? Mas cada um de nós responda dentro de
si mesmo, eh...? Nunca cristãos de etiqueta! Mas cristãos de verdade, de coração.
Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, na promoção
da justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa
vida”.
A Virgem Maria, Porta do Céu, o Papa Francisco pediu “que nos ajude
a atravessar a porta da fé, a deixar que o seu Filho transforme a nossa existência
como transformou a sua para levar a todos a alegrai do Evangelho”. Na saudação
final aos diversos grupos, incluindo um grupo vindo de São Paulo, o Santo Padre recordou
que para muitos este período marca o fim do período de férias de verão, desejando
“um retorno sereno aos compromissos da vida cotidiana, olhando o futuro com esperança”.
(JE)