2013-08-23 16:13:01

Para o Patriarca Maronita, são os cristãos que perdem com a complexa situação no Oriente Médio


Cidade do Vaticano (RV) – O Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente, Bechara Boutros Raí, afirmou nesta sexta-feira que “tudo o que acontece no Oriente Médio – quer no Egito, como na Síria e no Iraque – é uma guerra que tem duas dimensões. No Iraque e na Síria, a guerra é entre sunitas e xiitas; no Egito a guerra é entre fundamentalistas - entre os quais a Irmandade Muçulmana – e os moderados. São guerras sem fim, mas sinto ter que dizer – existem países, sobretudo ocidentais, mas também do oriente, que estão fomentando estes conflitos”.

Para o Patriarca, é necessário encontrar uma solução para todos estes problemas. “Nós cristãos – observou - há 1.400 anos, estamos vivendo junto com os muçulmanos e temos promovido nesta terra valores humanos, morais, os valores da multi-confessionalidade, da pluralidade, da modernidade”.

“Graças à presença de nós cristãos, na nossa vida quotidiana em todos estes países árabes, acabamos criando uma certa moderação no mundo muçulmano – explicou o Cardeal Raí. Hoje assistimos à destruição total de tudo aquilo que os cristãos têm construído ao longo de 1.400 anos. E ao mesmo tempo, os cristãos acabam pagando por esta guerra entre sunitas e xiitas e entre moderados e fundamentalistas, no que diz respeito ao Egito”.

O Patriarca dos maronitas evidenciou que “em todo o mundo árabe, os cristãos fazem parte das instituições, respeitam os países onde vivem, as autoridades e a Constituição de cada país”. “No Egito, ao invés disso, “a Irmandade Muçulmana, em um ano, deu um passo atrás com a intenção de aplicar a Shari’a, enquanto o povo egípcio clamava por reformas no campo político”.

“E como de costume - denunciou Raí – o ocidente deu a sua contribuição sobre a forma de milhares de dólares à Irmandade Muçulmana, para que chegassem ao poder. Uma vez conquistado o poder, começaram a aplicar a Shari’a, a lei islâmica, isto é, fizeram um retrocesso”.

Certamente os cristãos são contrários a isto. “Os cristãos querem um Egito reformado, democrático, um Egito que saiba respeitar os direitos humanos. São sempre leais ao Estado e às instituições”.

Na opinião do Cardeal Raí “existe um determinado projeto de destruição do mundo árabe por interesses políticos e econômicos. Existe ainda o projeto de estimular o quanto possível os conflitos inter-confessionais no mundo muçulmano, entre sunitas e xiitas. Trata-se de um projeto de destruição do Oriente Médio, que vem do exterior”

“Eu já escrevi duas vezes ao Santo Padre para explicar-lhe o que está acontecendo e lhe contei toda a verdade objetiva, contou o Patriarca. Infelizmente, o objetivo é a destruição do mundo árabe e quem paga somos nós os cristãos. No Iraque, dos 1,5 milhões de cristãos que tínhamos, perdemos 1 milhão, no silêncio total da comunidade internacional”. (JE)









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