Bispo da Nicarágua defende o diálogo para superar disputas de fronteira com a Costa Rica

Manágua (RV) – O Arcebispo de Manágua, Dom Leopoldo Brenes, exortou os Presidentes da Nicarágua, Daniel Ortega e da Costa Rica, Laura Chinchilla, a buscar o diálogo como forma de superar as diferenças em relação às fronteiras entre os dois países e ofereceu a mediação da Igreja.

“Eu diria a Chinchilla e a Ortega para se comunicarem e que, se a Igreja, num dado momento, com suas orações puder ajudar nisto, estamos dispostos, para que este diálogo aconteça e sejam evitados mal-entendidos”, disse o prelado aos jornalistas.

A Presidente da Costa Rica exigiu de Ortega nesta quinta-feira “respeito à soberania” de seu país, ao mesmo tempo em que assegurou diante de milhares de seus compatriotas, que a Província de Guanacaste “é, foi e sempre será costarriquenha”. A governante pronunciou um discurso no encerramento da “Marcha pela Pátria”, organizada na cidade de Nicoya, em Guanacaste, em rejeição às declarações de Ortega que mencionou a possibilidade de reclamar esta província na fronteira com a Nicarágua.

Ortega referiu-se à questão durante um ato do Exército, em resposta a uma denúncia da Costa Rica de que a Nicarágua havia oferecido concessões de petróleo no mar territorial costarriquenho.

Dom Brenes afirmou que a mediação da Igreja em conflitos na região não é novidade, recordando que nos anos 80, o clero mediou o Acordo de Paz de Sapoá, que colocou fim à guerra entre os ‘Contra’ e o governo sandinista. “Somente através do diálogo os conflitos são superados”, afirmou o Arcebispo de Manágua. Dom Brenes espera que os Bispos dos dois países tratem do assunto no próximo dia 29, quando Rafael Quiroz tomará posse como novo Arcebispo de São José.

Segundo o historiador nicaragüense Jorge Eduardo Arellano, baseado num decreto do Congresso Federal centro-americano de dezembro de 1825, "o Nicoya continuará separada do Estado da Nicarágua e agregada ao de Costa Rica" até que se faça a demarcação dos países.

A província de Guanacaste, que representa 20% do território da Costa Rica, foi anexada a este país em 1824, após consultas realizadas nas principais localidades. Segundo historiadores costarriquenhos, antes desta data não pertencia a ninguém.

A fronteira entre Costa Rica e Nicarágua foi estabelecida com o Tratado Cañas-Jerez, assinado em 1858. A Independência da América Central da Coroa espanhola - desde a Guatemala até a Costa Rica – deu-se em 15 de setembro de 1821. (JE)