2013-08-20 18:07:16

Dom Paglia: Papa Francisco defende o vínculo entre as gerações para evitar o esfacelamento da sociedade


Cidade do Vaticano (RV) - "Não podemos dormir tranquilos enquanto houver crianças que morrem de fome e idosos que não têm assistência médica". Com este tweet de 17 de agosto, o Papa Francisco voltou a falar de um binômio que lhe é muito caro: crianças e idosos. A Rádio Vaticano entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, o Arcebispo Vincenzo Paglia, sobre a importância que o Papa Francisco atribui ao vínculo entre as diversas gerações:

R: “Eu acredito que o Papa, com grande intuição pastoral, continua a colocar em estreita relação as crianças e os idosos, para falar sobre a família e a vida em geral, justamente porque entre estes dois extremos se desenvolvem todas as etapas da vida da sociedade, como também da Igreja. Neste sentido, poderíamos dizer que não é negociável eliminar a infância ou eliminar a vida dos idosos, não fazendo nascer os pequenos ou eliminando os idosos com a eutanásia”.

RV: O Papa critica esta cultura do descartável, onde quem não é produtivo de alguma maneira, como as crianças e os idosos, é excluído:

R: “Neste sentido, de fato, alguém poderia caracterizar esta declaração superficialmente como bonacheirice, mas na realidade o Papa toca num dos pilares da ignorância contemporânea, isto é, daquela cultura da indiferença e do descarte que está tornando amarga a vida de todos, de todos. Pensemos também ao discurso que ele fez em Lampedusa. Eis porque uma das missões fundamentais da Igreja e dos cristãos no início deste novo milênio é, se me permitem, a de restaurar o ícone da família, que inclui as crianças, os jovens, os adultos, os idosos, os saudáveis e os doentes. Neste sentido, uma vida que excluísse as crianças e os idosos seria como aquela de uma árvore que excluiria as raízes, os frutos e as folhas. Seria um tronco”.


RV: Existe também outro aspecto que chama a atenção, especialmente no Ocidente. Falamos muito sobre o conflito entre gerações. O Papa enfatiza, ao contrário, que não pode haver nenhum futuro sem um pacto entre as gerações...

R. – “Exatamente. Isto, para mim, é outro ponto importante. Com esta admoestação, o Papa denuncia aquele abismo que está sendo colocado entre as gerações. É como se cada idade fosse abandonada a sua própria sorte, sem o vínculo que poderíamos chamar, precisamente, entre as gerações, que é a história, que é a cultura, que é a vida de um povo. Na realidade, corremos o risco de um esfacelamento da sociedade: cada um por si. Mas uma cultura que valoriza o ‘eu’ e que condena o ‘nós’ é terrível, porque cria não somente a indiferença, mas também a crueldade. Eis por que o vínculo entre as gerações é a condição para o desenvolvimento, para o encontro, para uma vida que seja mais pacífica e serena. Este tweet, na realidade, é uma janela escancarada sobre a sociedade, que nos pede para olharmos com atenção todas as etapas da vida, que nós todos somos chamados a viver na serenidade, na paz e também com esforço”. (JE)








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